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Draghi: "O BCE não se rende a inflação excessivamente baixa"

No relatório anual de 2015 o Presidente do BCE avisa para forças deflacionárias permanentes e para o risco da inacção dos governos face às fragilidades da Zona Euro pesarem em excesso sobre o banco central.

3 de Junho – Draghi em conferência de imprensa após reunião de política monetária do BCE

“Queremos que a Grécia fique no euro, mas tem de haver um acordo forte”
Reuters
07 de Abril de 2016 às 08:38
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Mario Draghi descreve o BCE como uma âncora de confiança e reafirma não desistirá de combater a inflação excessivamente baixa na Zona Euro. No dia em que visita Lisboa, o presidente do banco central destaca o programa de compra de activos iniciado em Março e papel do BCE na crise grega, para fundamentar o balanço positivo que faz do desempenho da instituição no ano passado.

No relatório anual publicado a 7 de Abril, Mario Draghi defende que o BCE conseguiu "afastar completamente os riscos de deflação" na Zona Euro com a criação do programa de compra alargada de activos (uma política conhecida em inglês como "quantitative easing" ou "alívio quantitativo" em que a compra de dívida pública ocupa um lugar decisivo). Defende ainda como igualmente importante o facto de o BCE ter deixado claro que "não se rende a inflação excessivamente baixa", tendo procedido ao longo do ano a vários ajustamentos à política monetária - incluindo a extensão no tempo do programa, o alargamento do leque de activos que compra até incluir obrigações de empresas, as  taxas de juro de depósitos negativas, e os empréstimos de muito longo prazo apresentados já este ano.

Nas contas do BCE, as medidas de política monetária adoptadas em Frankfurt baixaram as taxas de juro praticadas pelos bancos da união monetária em 0,8 pontos percentuais desde meados de 2014, o equivalente a um corte de 1 ponto percentual na taxa de juro central em tempos normais; além disso, sem o programa de compra de activos a inflação na Zona Euro teria sido negativa em 2015 e seria cerca de meio ponto mais baixa em 2016; e PIB da Zona Euro será 1,5% mais elevado do período 2015 a 2018.

Mas para Draghi o BCE foi ainda decisivo numa outra frente: no combate "às ameaças à integridade da Zona Euro" que se colocaram com a crise grega no primeiro semestre de 2015, e que levaram o banco central a garantir financiamento de emergência à banca helénica num momento em que se chegou a admitir a saída do país do euro. "Por um lado, garantimos que não oferecíamos financiamento monetário ao governo grego e que apenas emprestávamos aos bancos que eram solventes e que tinham suficiente colateral, por outro lado, garantimos que as decisões com grandes implicações para a Zona Euro foram tomadas pelas autoridades políticas legítimas", defende Mario Draghi, que se congratula com o resultado, embora deixando o aviso: este tipo de episódios colocam demasido peso sobre o banco central.

Riscos para 2016: pressões deflacionistas e fragilidade institucional do euro


Ao mesmo tempo que afirma o contributo decisivo do BCE em devolver a confiança à economia europeia e que confia no sucesso das políticas que vêm adoptando, Mario Draghi evidencia os riscos pela frente, com destaque para as pressões deflacionistas permanentes e para um excesso de pressão política sobre o banco central.

"Enfrentamos incerteza sobre as perspectivas para a economia global. Enfrentamos forças deflacionárias permanentes. E enfrentamos questões sobre a direcção da Zona Euro e a sua resistência a novos choques", lê-se no texto de Mario Draghi que abre o relatório anual e no qual considera que "o compromisso com o nosso mandato [de garantir inflação próxima mais inferior a 2% no médio prazo] continuará a ser uma âncora de confiança para o povo da Europa".

Ao mesmo tempo que deixa a porta a aberta a mais medidas para combater a deflação e garantir a integridade da Zona Euro, Draghi avisa que o episódio grego "evidenciou a fragilidade da Zona Euro e reafirmou a necessidade de se completar a união monetária". É por isso importante que os governos avancem com as propostas de maior integração, como as sugeridas no relatório dos "cinco presidentes" de Junho de 2015. "Se quisermos atingir uma união mais robusta – e evitar peso ecessivo sobre o banco central – essas sugestões terá de ser transformadas em acções", defende.

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