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Unilever entra no clube de juros zero à boleia do BCE
Juros zero ou negativos já são habituais em títulos de dívida soberana. Mas o programa do BCE para comprar dívida de entidades não-financeiras tem levado também algumas empresas a entrar neste clube.
A Unilever conseguiu financiar-se, esta segunda-feira, com uma taxa de cupão de zero. A empresa de bens de consumo pessoal colocou 1,5 mil milhões de euros numa operação que incluiu títulos a quatro, oito e 12 anos. Na maturidade mais curta, a taxa de cupão foi de 0%, à semelhança do que já havia acontecido numa operação recente da farmacêutica francesa Sanofi.
A taxa de rentabilidade das obrigações a quatro anos da dona das marcas Dove e Hellmann’s foi de 0,081%, porque os títulos foram vendidos ligeiramente abaixo do par. Mas a empresa não terá de pagar juros, já que a taxa de cupão é de zero. Nesta maturidade a empresa colocou 300 milhões de euros. "Isto ocorreu depois de a Sanofi ter colocado obrigações a três anos no mês passado com um cupão de zero e parece que não será a última vez que isso irá acontecer", comentaram os analistas do Deutsche Bank numa nota a investidores.
Na maturidade a oito anos a Unilever colocou 500 milhões de euros, com uma taxa de cupão de 0,5%, e no prazo a 12 anos a empresa obteve 700 milhões de euros de financiamento, com a taxa de cupão a ser fixada em 1,125%.
O BCE (liderado por Mariod Draghi, na foto) anunciou que iria comprar obrigações de empresas na reunião de Março e deu mais detalhes sobre este programa na semana passada. O banco central poderá comprar até 70% da dívida de determinada emitente e por linha de obrigações. Isto desde que as empresas em causa tenham "ratings" de grau de investimento.
Em Portugal, apenas três emitentes cumprem com aquele requisito, a EDP, a REN e a Brisa Concessões. A eléctrica e a concessionário já tinham aproveitado as condições mais favoráveis proporcionadas pelo anúncio de Março para recorrer ao mercado.