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Qatar ainda não vislumbra solução diplomática para pôr fim ao corte de relações

O Qatar ainda não foi informado sobre quais são as exigências específicas da Arábia Saudita para que possa ser ultrapassado o corte de relações anunciado na semana passado por cinco países árabes. Ministro das Finanças assegura que Qatar tem condições para defender economia e moeda.

12 de Junho de 2017 às 16:45
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Na semana passada, cinco países árabes - Bahrein, Egipto, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen – anunciaram o rompimento de relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Qatar, acusando o país de ingerência e de apoiar o terrorismo.

Uma semana depois, o governo de Doha ainda não conhece as exigências específicas que o bloco de países liderado pela Arábia Saudita tem para que este corte de relações possa ser ultrapassado. Assim, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammed Al Thani, citado pela Bloomberg, o Qatar não tem a base necessária para desenvolver uma solução diplomática que permita colocar um ponto final nesta situação.

Por agora, sabe-se apenas, segundo a agência, que o bloco de países árabes quer que Doha se distancie do Irão e que pare de financiar grupos islâmicos. Isto embora o Qatar tenha já negado patrocinar o terrorismo e ter acusado a Arábia Saudita de tentar dominar os seus vizinhos mais pequenos.


O Kuwait, mediador desta disputa, continua em contacto quer com o Qatar quer com os Estados Unidos da América, de acordo com a estação Al-Jazeera, que cita Al Thani. A 6 de Junho, 24 horas depois do corte das relações diplomáticas, Donald Trump, presidente dos EUA, deu a entender que seria responsável pela decisão destes países árabes.

Em três mensagens no Twitter, Trump defendeu que a sua visita à Arábia Saudita começava a produzir frutos. "Durante a minha viagem recente ao Médio Oriente afirmei que não pode haver mais financiamento a ideologias radicais. Os líderes apontaram para o Qatar – olhem! (…) Tão bom ver que a visita à Arábia Saudita com o rei e 50 países já está a surtir resultados. Eles disseram que assumiriam uma posição firme no financiamento ao extremismo e todas as referências apontavam para o Qatar. Talvez este seja o início do fim do horror do extremismo!," escreveu.

Qatar consegue defender economia e moeda


O ministro das Finanças do Qatar, Ali Sherif al-Emadi, em entrevista à CNBC, citada pela Reuters, adianta que o país consegue facilmente defender a sua economia e a sua moeda contra as sanções impostas pelos países árabes. Além disso, defendeu, os cinco países que cortaram relações vão também sofrer uma vez que vão perder dinheiro pois os efeitos desta situação vão ser sentidos na região.

"Muitas pessoas pensam que somos os únicos a perder com isto … se vamos perder um dólar, eles também vão perder um dólar", disse.


O Qatar é o principal exportador mundial de gás natural liquefeito. Ali Sherif al-Emadi, nessa entrevista, fez ainda questão de salvaguardar que o sector energético e que a economia estão basicamente a operar normalmente e que não houve um impacto sério no abastecimento de alimentos e outros bens.O ministro das Finanças afiançou ainda que Doha pode importar bens da Turquia, Europa e Extremo Oriente. E a resposta do Qatar a esta crise, adiantou, vai ser diversificar ainda mais a sua economia.


"As nossas reservas e os fundos de investimento são superiores a 250% do produto interno bruto, por isso acho que não há nenhuma razão para que as pessoas se preocupem com o que está a acontecer ou especulem sobre o riyal", referiu ainda.

Abastecimento por mar


O Qatar é uma pequena península localizada no Golfo Pérsico que partilha toda a sua fronteira terrestre com a Arábia Saudita, que a par dos Emirados Árabes Unidos, é o principal fornecedor de géneros alimentícios de Doha. Para contornar os efeitos que o corte de relações tem para a economia do Qatar, Doha iniciou, dois dias após a decisão dos cinco países, conversações com o Irão e a Turquia para assegurar a compra de bens alimentares e de água.

Este domingo, 11 de Junho, o Irão enviou cinco aviões com produtos alimentares para o Qatar disse Sharokh Noushabadi, porta-voz da companhia Iran Air. A informação é avançada pela Agência France Presse. "Até ao momento, cinco aviões carregados com cerca de 90 toneladas de produtos alimentares e de legumes foram enviados para o Qatar. Um sexto deve partir ainda hoje", declarou Noushabadi. "Continuaremos a enviar até o Qatar nos pedir", acrescentou, sem precisar se se trata de uma ajuda ou de uma transação comercial.

Entretanto, Doha anunciou esta segunda-feira, 12 de Junho, o início do abastecimento por via marítima entre o Qatar e Omã para contornar os bloqueios marítimos decretados pelos países do Golfo na sequência da crise diplomática, escreve a Lusa. As autoridades portuárias do Qatar difundiram hoje imagens que mostram um navio porta-contentores a descarregar mercadorias que foram embarcadas no porto de Shoar, Omã.

Antes da crise diplomática, os cargueiros com destino ao Qatar aportavam no porto de águas profundas de Jebel Ali, no Dubai onde a carga era distribuída em navios de menor dimensão com destino a Doha. As ligações marítimas entre Omã e o Qatar vão passar a ser directas. A Maersk, companhia de navegação internacional, já fez saber que  vai começar a utilizar os portos de Omã (Shoar e Salalah) para embarcar as mercadorias com destino ao Qatar, segundo a agência Lusa.

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