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Qatar tenta ultrapassar bloqueio com compra de cereais e água à Turquia e Irão

O Qatar está em conversações com o Irão e a Turquia para assegurar a compra de bens alimentares e de água, depois de os seus principais parceiros comerciais terem cortado relações devido ao pagamento de um resgate a grupos terroristas.

07 de Junho de 2017 às 14:38
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A situação no Médio Oriente continua tensa e, sem quaisquer sinais de aproximação por parte dos países que cortaram relações com o Qatar, este pequeno estado do Golfo Pérsico está a procurar alternativas que garantam o abastecimento de bens alimentares e de reservas de água. O corte de relações por parte da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Egipto, Iémen e Bahrain assume proporções dramáticas, até porque estes países proíbem a entrada de qataris e mesmo a utilização do seu espaço aéreo por aeronaves da Qatar Airways.

 

O Qatar é uma pequena península localizada no Golfo Pérsico que partilha toda a sua fronteira terrestre com a Arábia Saudita, que a par dos Emirados Árabes Unidos, é o principal fornecedor de géneros alimentícios de Doha. Para contornar o silêncio que agora chega de Riade e dos emirados do Dubai e Abu Dhabi, este estado está já a negociar com a Turquia e com o Irão para garantir o fornecimento destes bens de primeira necessidade, para evitar que haja falta de comida no país.

 

Os camiões que circulavam entre a Arábia Saudita e o Qatar esbarram agora nas cancelas fechadas da fronteira entre os dois países, que foi fechada por Riade.

 

"Estamos em conversações com a Turquia e o Irão e com outros países", disse à Reuters um responsável governamental do Qatar que falou sob anonimato. Os bens alimentares e as reservas de água seriam transportados por via aérea, através da frota de carga da Qatar Airways. No país há reservas de cereais para quatro semanas e o governo tem reservas estratégicas de alimentos consideráveis na capital do país, de acordo com a mesma fonte.

 

Depois de se conhecer a decisão destes cinco países, várias pessoas correram para os supermercados e provocaram filas enormes para tentarem constituir reservas de comida, caso exista alguma falha de abastecimento. O governo qatari garante que tem feito tudo para que a vida dos residentes – na grande maioria estrangeiros – prossiga com normalidade.

 

À Reuters, um empregado de um supermercado no Qatar disse que já se nota falta de carne de frango fresco, bem como menos oferta de leite. A Reuters confirmou que a Arábia Saudita e os EAU já travaram a venda de açúcar ao Qatar, que é especialmente procurado durante o mês do Ramadão, que está actualmente em curso.

Segundo apurou o Negócios junto de um português a residir no Qatar, apesar de toda a gente falar deste tema, a situação está calma e não há confusão nos supermercados nem nas ruas.

 

Resgate de mil milhões na origem do corte de relações

 

O corte de relações foi anunciado na passada segunda-feira, devido ao alegado apoio do Qatar ao terrorismo. Acusações que o país nega de forma enérgica. De acordo com o Financial Times, na base desta acção coordenada terá estado o pagamento, em Abril, de um resgate no valor de mil milhões de dólares (887 mil milhões de euros) pela libertação de 26 membros da família real qatari, raptados numa caçada no sul do Iraque em Dezembro de 2015.

 

O resgate terá sido pago a várias milícias insurgentes no Iraque, incluindo a duas das principais organizações terroristas na região: um ramo da Al Qaeda que combate na Síria e o grupo Ahrar al-Sham. Apesar de se declarar um país neutro na região, o alegado pagamento do resgate canalizou somas avultadas para grupos jihadistas. Daí a acusação de apoio ao terrorismo.

 

Nos Emirados Árabes Unidos, o governo está a proibir manifestações de simpatia para com o Qatar.

 

Qatar Airways tem de fazer desvios consideráveis

 

O corte de relações é total e a maioria dos cinco países nem sequer permitem que os aviões da Qatar Airways, uma das principais companhias áreas do mundo, utilizem o seu espaço aéreo. Isso significa que os seus voos têm de fazer desvios significativos caso voem para África ou para a Europa, por exemplo. Em termos operacionais, é um verdadeiro pesadelo para a companhia, que consome mais combustível e arrisca-se a perder os slots nos aeroportos que utiliza.

A companhia cancelou os 55 voos diários que fazia para os países com quem agora está de relações cortadas, e os cidadãos do Qatar não podem sequer utilizar os aeroportos do Dubai ou de Abu Dhabi, onde estão baseadas a Emirates e a Etihad, para fazerem escala e apanharem outros voos.

 

John Strickland, da JLS Consulting, disse à Reuters que se estas restrições se mantiverem, o mais provável é que a Qatar Airways comece a perder clientes. "Os passageiros de fora desta região vão procurar cada vez mais comprar voos em companhias concorrentes para evitar as viagens mais demoradas e os problemas a que a Qatar Airways está sujeita" devido à impossibilidade de utilizar o espaço aéreo desses países.

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