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Governo prossegue preparação de visita do emir do Qatar

A visita a Portugal de Tamim bin Hamad Al Thani, prevista para 4 e 5 de Julho, continua a ser preparada numa altura em que ainda não se vislumbra saída para o bloqueio diplomático na região do Golfo.

Twitter do primeiro-ministro
15 de Junho de 2017 às 11:43
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Com a crise diplomática entre o Qatar e os países vizinhos ainda por resolver, aquela que poderá ser a primeira deslocação oficial à Europa do chefe de estado daquele país desde o início do isolamento não sofreu alteração de planos: a vinda a Portugal do emir Tamim bin Hamad Al Thani, prevista para 4 e 5 de Julho, continua a ser preparada.

A garantia foi dada ao Negócios por fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, dez dias depois de os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrain, Egipto, um dos governos líbios, as Maldivas e o Iémen – terem cortado relações com aquele país por alegado apoio a organizações terroristas como o ISIS ou a al-Qaeda e pela proximidade com o Irão.

O anúncio da viagem foi feito no início de Maio, aquando da visita do primeiro-ministro António Costa ao Qatar, um mês antes de começar o isolamento que cortou as vias de comunicação por mar, ar e terra com aquele país. Segundo o Gulf Times, há pelo menos seis memorandos de entendimento em preparação para serem assinados entre os dois países aquando da deslocação a Lisboa, nomeadamente na área da saúde em que há empresas daquela nação interessadas em investir.

Segundo dados da embaixada de Portugal no Qatar, as exportações de Portugal para aquele país aumentaram de 13,9 para 17,8 milhões de euros entre 2011 e 2015. No ano passado, segundo António Costa, as vendas cresceram 61%, sobretudo à conta das saídas de minerais não metálicos, têxteis e mobiliário. E nos primeiros dois meses deste ano, aumentaram mais 30%.

Portugal defende concertação na luta contra o terrorismo

Com a situação de bloqueio ainda sem fim à vista, mantêm-se os esforços diplomáticos de mediação liderados pelo Kuwait no quadro do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG). Mas o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar diz desconhecer as razões que levaram a esta situação, recusando interferências externas na condução política do país.

"Portugal tem acentuado, junto de todas as partes deste diferendo, a importância da concertação entre todos os países membros do CCG e da Liga Árabe, incluindo na luta eficaz contra o terrorismo e todas as suas causas e formas de incentivo, desiderato que, aliás, exige o compromisso e continuado empenho de toda a comunidade internacional," referiu ao Negócios a mesma fonte do MNE.

Países como o Irão, a Turquia e Marrocos enviaram bens alimentares para o território. À medida que se aproxima o prazo de 14 dias dado pelos Emirados Árabes Unidos para que os cidadãos do Qatar abandonem aquele país, as autoridades catarianas garantiram aos cidadãos de outros países do Golfo Pérsico que são bem-vindos no seu território. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan considerou que o isolamento económico e político do Qatar é "desumano" e contrário aos valores muçulmanos.

Já o comportamento dos EUA tem sido contraditório. Na mesma visita à Arábia Saudita em que prometeu vender armas ao Qatar, Donald Trump pediu aos países do Médio Oriente esforços para combater o terrorismo, apelo que terá desencadeado o bloqueio. O presidente norte-americano acusou depois o país de financiar actividades terroristas, enquanto o secretário de Estado Rex Tillerson pedia aos países vizinhos que aliviassem o embargo.

Esta quarta-feira os ministros da Defesa do Qatar e dos EUA assinaram em Washington a venda de aviões norte-americanos de combate F-15QA, um contrato no valor de 12 mil milhões de dólares. Uma encomenda no âmbito de um pacote de 20 mil milhões de dólares, assinado no consulado de Barack Obama, que, de acordo com o Qatar, permitirá ao país garantir a sua própria segurança e "reduzir o fardo" dos EUA no combate ao extremismo violento a partir da região. Fonte da Defesa norte-americana disse esperar que o país resolva o conflito diplomático antes de receber a encomenda de aeronaves.

É no Qatar que fica a maior base militar norte-americana na região, com 11 mil efectivos e ainda esta quarta-feira chegaram ao país dois navios da marinha dos EUA para a realização de exercícios conjuntos.
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