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Trump reclama créditos pelo isolamento do Qatar

A relação entre a visita de Trump à Arábia Saudita e a decisão de "cercar" diplomaticamente Doha já tinha sido estabelecida por analistas e pelo Irão. Agora, o presidente norte-americano confirma-a.

Reuters
06 de Junho de 2017 às 15:37
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O presidente norte-americano reclamou para si os créditos das medidas de combate ao terrorismo implementadas por países do Médio Oriente, aludindo ao isolamento diplomático a que vários países da região do Golfo Pérsico votaram desde ontem o Qatar, alegadamente pelo financiamento de actividades extremistas levadas a cabo por aquele país.

Em três mensagens no Twitter, publicadas esta terça-feira, 6 de Junho, Donald Trump defende que a sua visita há duas semanas à Arábia Saudita começa a produzir frutos e que todas as referências dos representantes dos países com quem se reuniu apontavam para o Qatar.

"Durante a minha viagem recente ao Médio Oriente afirmei que não pode haver mais financiamento a ideologias radicais. Os líderes apontaram para o Qatar – olhem! (…) Tão bom ver que a visita à Arábia Saudita com o rei e 50 países já está a surtir resultados. Eles disseram que assumiriam uma posição firme no financiamento ao extremismo e todas as referências apontavam para o Qatar. Talvez este seja o início do fim do horror do extremismo!," escreveu.

 

 


As declarações de Trump são produzidas mais de 24 horas depois de a Arábia Saudita e pelo menos mais seis países e autoridades terem cortado laços diplomáticos com o Qatar, acusando o país de financiar actividades terroristas, nomeadamente através do apoio a organizações como o ISIS ou a al-Qaeda.

Vários analistas e mesmo responsáveis do Irão já tinham estabelecido uma relação de causa-efeito entre a visita do presidente norte-americano à Arábia Saudita nos últimos dias e ao desencadear de medidas de cerco diplomático ao Qatar, país que ontem negou as acusações considerando serem "infundadas".

Contudo, há duas semanas Trump reuniu-se com o emir do Qatar (na foto), reiterando-lhe a amizade norte-americana e a intenção de vender armamento.

"Somos amigos, temos sido amigos há muito tempo. A nossa relação é extremamente boa, temos conversações sérias em curso, uma das coisas que vamos discutir é a compra de uma série de bonito material militar, ninguém o faz como os Estados Unidos - e para nós isso significa empregos e também muita segurança aqui, que é o que queremos. É uma honra estar consigo," disse então, de acordo com um vídeo divulgado pela Casa Branca.



De acordo com a Lusa, o Qatar acolhe no seu território dirigentes do Hamas e da Irmandade Muçulmana, que são consideradas organizações terroristas pelos países vizinhos. Mas é também naquele país que se encontra a maior base dos EUA no Médio Oriente, de al Udeid, com oito mil militares e ponto de apoio para os ataques liderados pelos EUA contra o ISIS.

Árábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Iémen, Maldivas e um dos governos líbios decretaram ontem o corte de relações diplomáticas com Doha, uma decisão que teve repercussões no fecho de portos e fronteiras, na suspensão de ligações aéreas, na interrupção de fluxos financeiros e no ultimato dado pelos Emirados para que, em duas semanas, os cidadãos do Qatar abandonem aquele território e os seus nacionais deixem o Qatar.

A companhia aérea Qatar Airways suspendeu todos os voos de e para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egipto "até nova ordem" e começou a usar em alternativa às suas deslocações os espaços aéreos iraniano e turco.

O Irão apelou ontem ao Qatar e aos vizinhos do Golfo para retomarem o diálogo para resolver os seus diferendos e, entretanto, o Kuwait ofereceu-se para mediar o conflito. O xeque kuwaitiano Sabah Al-Ahmad Al-Jaber al-Sabah vai encontrar-se ao final desta terça-feira com o rei Salman da Arábia Saudita.

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