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EUA querem impor tarifas a produtos franceses no valor de 2,1 mil milhões
Os Estados Unidos propõem a imposição de tarifas aduaneiras no valor de 2,1 mil milhões de euros sobre produtos franceses, em retaliação pelo "imposto Google" decidido por Paris. E ponderam investigar também a Turquia, Áustria e Itália no âmbito do imposto sobre o digital.
O governo norte-americano salientou esta noite que poderá decretar taxas aduaneiras adicionais, que podem ir até 100%, sobre a importação de produtos franceses – como champanhe, malas de mão e queijos – até àquele valor.
Isto depois de concluir que o novo imposto francês sobre os serviços digitais penalizará as tecnológicas norte-americanas.
Robert Lighthizer, representante dos EUA para o comércio, declarou, citado pela Reuters, que a análise feita ao imposto decidido por França concluiu que este é "inconsistente perante os princípios prevalecentes da política tributária internacional, sendo excepcionalmente oneroso para as empresas nore-americanas visadas", como a Google, Facebook, Apple e Amazon.
A medida que está a ser ponderada pela Casa Branca é assim uma resposta ao chamado "imposto Google" decidido por Paris e que visa obrigar as grandes plataformas tecnológicas a pagar um imposto sobre as receitas que obtêm em território francês.
Recorde-se que, à falta de acordo a nível europeu, alguns países – nomeadamente França e Itália, mas também Espanha – anunciaram que iriam avançar unilateralmente com a criação de um novo imposto sobre as gigantes da Internet.
Em causa está a aplicação direta de uma taxa provisória de 3% sobre as receitas de empresas como a Alphabet (dona do Google) ou o Facebook no espaço publicitário, as atividades intermediárias e a venda de dados privados que atualmente escapam à tributação na Europa.
O objetivo é, pois, obrigar estas empresas a pagar mais impostos nos países onde têm as suas principais receitas. Por exemplo, a eBay, multinacional de comércio eletrónico, teve em 2017 receitas de 1,1 mil milhões de euros no Reino Unido, mas pagou menos de dois milhões de euros em impostos, reportou recentemente o Financial Times.
Agora, a nova informação avançada esta noite deverá trazer mais pressão aos mercados na jornada de terça-feira.
As decisões dos Estados Unidos na frente comercial continuam a centrar as atenções dos mercados e neste arranque de semana intensificaram-se os receios dos investidores um pouco por todo o mundo sobretudo devido a duas grandes questões.
De um lado esteve a negociação EUA-China com vista a um acordo comercial parcial que impeça a entrada em vigor de uma nova fornada de tarifas aduaneiras a partir de 15 de dezembro. Este acordo, chamado de "fase um", tem tido avanços e recuos, o que tem contribuído para uma maior incerteza nos mercados. Perante a possibilidade de não haver acordo este mês, cresce o receio de que as tarifas previstas para daqui a menos de 15 dias sejam acionadas.
Do outro lado esteve a nova ameaça de Donald Trump de impor tarifas agravadas sobre o aço importado do Brasil e da Argentina.
Esta disputa em vários planos ditou a evolução negativa das bolsas nesta primeira sessão do mês de dezembro. E não apenas nos EUA: na Europa, os mercados acionistas registaram a maior queda em dois meses.
Agora, com a informação sobre a proposta dos EUA de taxarem adicionalmente o equivalente a 2,1 mil milhões de euros de produtos franceses, agrava-se o clima de ceticismo.
(notícia atualizada pela última vez às 23:44)