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EUA querem impor tarifas a produtos franceses no valor de 2,1 mil milhões

Os Estados Unidos propõem a imposição de tarifas aduaneiras no valor de 2,1 mil milhões de euros sobre produtos franceses, em retaliação pelo "imposto Google" decidido por Paris. E ponderam investigar também a Turquia, Áustria e Itália no âmbito do imposto sobre o digital.

Reuters
02 de Dezembro de 2019 às 22:54
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Os Estados Unidos querem impor taxas alfandegárias no valor de 2,4 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros) à importação de produtos franceses, avançou a Bloomberg.

O governo norte-americano salientou esta noite que poderá decretar taxas aduaneiras adicionais, que podem ir até 100%, sobre a importação de produtos franceses – como champanhe, malas de mão e queijos – até àquele valor.

 

Isto depois de concluir que o novo imposto francês sobre os serviços digitais penalizará as tecnológicas norte-americanas.

 

Robert Lighthizer, representante dos EUA para o comércio, declarou, citado pela Reuters, que a análise feita ao imposto decidido por França concluiu que este é "inconsistente perante os princípios prevalecentes da política tributária internacional, sendo excepcionalmente oneroso para as empresas nore-americanas visadas", como a Google, Facebook, Apple e Amazon.


A medida que está a ser ponderada pela Casa Branca é assim uma resposta ao chamado "imposto Google" decidido por Paris e que visa obrigar as grandes plataformas tecnológicas a pagar um imposto sobre as receitas que obtêm em território francês.


Recorde-se que, à falta de acordo a nível europeu, alguns países – nomeadamente França e Itália, mas também Espanha – anunciaram que iriam avançar unilateralmente com a criação de um novo imposto sobre as gigantes da Internet.

 

Em causa está a aplicação direta de uma taxa provisória de 3% sobre as receitas de empresas como a Alphabet (dona do Google) ou o Facebook no espaço publicitário, as atividades intermediárias e a venda de dados privados que atualmente escapam à tributação na Europa.

O objetivo é, pois, obrigar estas empresas a pagar mais impostos nos países onde têm as suas principais receitas. Por exemplo, a eBay, multinacional de comércio eletrónico, teve em 2017 receitas de 1,1 mil milhões de euros no Reino Unido, mas pagou menos de dois milhões de euros em impostos, reportou recentemente o Financial Times.


Agora, a nova informação avançada esta noite deverá trazer mais pressão aos mercados na jornada de terça-feira.

As decisões dos Estados Unidos na frente comercial continuam a centrar as atenções dos mercados e neste arranque de semana intensificaram-se os receios dos investidores um pouco por todo o mundo sobretudo devido a duas grandes questões.

 

De um lado esteve a negociação EUA-China com vista a um acordo comercial parcial que impeça a entrada em vigor de uma nova fornada de tarifas aduaneiras a partir de 15 de dezembro. Este acordo, chamado de "fase um", tem tido avanços e recuos, o que tem contribuído para uma maior incerteza nos mercados. Perante a possibilidade de não haver acordo este mês, cresce o receio de que as tarifas previstas para daqui a menos de 15 dias sejam acionadas.

 

Do outro lado esteve a nova ameaça de Donald Trump de impor tarifas agravadas sobre o aço importado do Brasil e da Argentina.

 

Esta disputa em vários planos ditou a evolução negativa das bolsas nesta primeira sessão do mês de dezembro. E não apenas nos EUA: na Europa, os mercados acionistas registaram a maior queda em dois meses.

Agora, com a informação sobre a proposta dos EUA de taxarem adicionalmente o equivalente a 2,1 mil milhões de euros de produtos franceses, agrava-se o clima de ceticismo. 

Donald Trump parece decidido a disparar em várias frentes, uma vez que Robert Lighthizer avançou também esta noite que os EUA ponderam igualmente abrir investigações similares aos impostos sobre os serviços digitais aplicados pela Turquia, Áustria e Itália.


(notícia atualizada pela última vez às 23:44)
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