Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Trump considera que o México “se aproveitou dos EUA” por demasiado tempo

O presidente dos EUA voltou a atacar o México. Desta vez, afirmou que o país “aproveitou-se dos Estados Unidos por tempo suficiente”. Palavras de Trump surgem depois do presidente mexicano ter cancelado a sua visita a Washington.

5º Donald Trump, 782 notícias - O presidente eleito dos EUA é o grande protagonista deste final de ano. Foi o mais citado nas notícias do Negócios em Novembro e Dezembro e é o primeiro estrangeiro neste ranking.
Jonathan Ernst/Reuters
27 de Janeiro de 2017 às 16:14
  • ...

Donald Trump voltou a atacar o México. A "arma" foi a rede social Twitter. Num tweet, o presidente dos Estados Unidos, empossado há uma semana, afirmou: "o México aproveitou-se dos Estados Unidos por tempo suficiente. Elevados défices comerciais e pouca ajuda numa fronteira muito frágil tem de mudar AGORA".


As palavras do presidente norte-americano surgem menos de 24 horas depois do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, ter cancelado a sua visita a Washington. Na base deste cancelamento está o facto de Trump manter a sua ideia de alterar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA na sigla em inglês) e de querer que seja o México a pagar pelo muro que o presidente quer construir na fronteira dos dois países.

Um muro que Trump comparou ao que Israel ergueu para separar os territórios palestinianos com a intenção de evitar ataques. "O muro é necessário porque o povo quer protecção e o muro protege. Basta perguntar a Israel. Tinham um absoluto desastre atravessando para o outro lado", afirmou Trump, numa conversa com um apresentador do canal conservador Fox News.


Depois do cancelamento da deslocação à capital norte-americana por parte do líder mexicano, surgiu a notícia que os Estados Unidos poderiam impor um imposto de 20% sobre as importações mexicanas.


"Este é um dia muito triste para as relações entre os Estados Unidos e o México – o pior dia de que há memória", disse à Bloomberg Michael Shifter, presidente Dialogo Inter-Americano. "Há o risco real de as coisas assumirem uma espiral que fique fora de controlo".


México tem um ás na manga para negociar NAFTA com os EUA


O ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano chegou na última terça-feira a Washington com a missão de renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte com o governo de Trump. Considerando o quanto o México beneficiou com o pacto assinado em 1994 - o excedente comercial anual do país com os EUA supera 60 mil milhões de dólares - a sensação geral é que Videgaray não tem muito peso nas negociações e que acima de tudo cederá terreno para os seus colegas americanos.

Mas Videgaray pode ser um negociador formidável. No México, o economista de 48 anos formado no MIT é visto há tempos como o mestre da estratégia por trás da chegada do presidente Enrique Peña Nieto ao poder. Também estabeleceu um relacionamento forte com Trump, que o descreveu como um "homem maravilhoso", e com o genro e assessor sénior de Trump, Jared Kushner. Além disso, pode ter na manga uma carta que tem sido ignorada: a segurança.

 

Se o México deixar de cooperar com os EUA no combate ao tráfico de drogas ou no contra-terrorismo, poderá paralisar uma administração que fez da segurança fronteiriça outra das suas maiores prioridades, tendo até escolhido apresentar o plano de construir um novo muro precisamente quando o contingente mexicano estava a começar a trabalhar em Washington.

Videgaray insinuou sua estratégia na segunda-feira, quando disse ao canal de televisão Televisa que "esta não pode ser uma negociação em que só se discute o comércio". "Há muitas áreas em que os EUA precisam da cooperação do México, como a segurança e a imigração", disse.

As economias dos dois países, em especial nos estados fronteiriços, estão fortemente ligadas. Por isso, separá-las será algo difícil e poderá provocar uma forte instabilidade política e económica, escreve a Bloomberg.

A agência explica inclusivamente que reabrir as negociações no âmbito do NAFTA pode prejudicar economicamente os dois lados da fronteira. A indústria automóvel, da componente de carros, dos bens agrícolas e têxteis são algumas das que podem sofrer danos. Os chamados Rust Belt States, que impulsionaram Trump para a presidência, podem ser afectados.

Apesar de várias indústrias poderem vir a ser afectadas com uma renegociação do acordo, o sector automóvel será, potencialmente, um dos mais afectados. A Ford, a General Motors e a Fiat têm fábricas em território mexicano. E outras empresas como a Honda, a Volkswagen e a Mazda têm fábricas no país hispânico e exportam para os EUA.


"Se a todas as importações dos primeiros meses de 2016 tivesse sido aplicado um imposto de 20%, os importadores norte-americanos teriam pago cerca de 54 mil milhões de dólares em tarifas, bem mais do que algumas estimativas apontam para o custo do muro, que é de 15 mil milhões de dólares", afirmou Caitlin Webber, analista da Bloomberg Intelligence.

Ver comentários
Saber mais presidente dos Estados Unidos México Estados Unidos Donald J. Trump Enrique Peña Nieto Mexico
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio