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Governo argentino tenta evitar bancarrota com reunião de última hora

Três opções estão em cima da mesa para a Argentina: ou o juiz dá luz verde para pagar aos credores, evitando o default; ou Buenos Aires estabelece uma data para iniciar as negociações com credores "holdout"; ou o país entra em incumprimento de pagamentos, o quarto desde 1982.

Reuters
29 de Julho de 2014 às 18:29
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O governo argentino já iniciou o encontro que poderá vir a ser crucial para a segunda maior economia sul-americana nos próximos anos.

 

Vários membros do Executivo de Cristina Fernandez Kirchner estão reunidos em Nova Iorque com o mediador nomeado pelo tribunal norte-americano para intermediar as conversações entre Buenos Aires e os credores que rejeitam reestruturar a dívida por si detida, conhecidos por "holdouts". A reunião teve início às 16h00 de Lisboa.

 

A menos de 24 horas da entrada da Argentina em incumprimento de pagamento junto dos seus credores, o governo de Cristina Fernandez Kirchner tenta escapar de uma situação em que se encontra entre a espada e a parede.

 

"Esperamos que os problemas possam ser resolvidos. Isto não depende de nós", disse o chefe do gabinete de ministros Jorge Capitanich esta terça-feira, citado pelo imprensa argentina. "Defendemos o interesse nacional e a soberania do nosso país".

 

Para o encontro com o mediador deslocou-se a Nova Iorque uma comitiva que inclui o secretário de Estado das Finanças, Pablo López. O ministro da Economia, Axel Kicillof, encontra-se na Venezuela juntamente com a presidente argentina para a cimeira da Mercosul.

 

Dois dos principais fundos de investimento que recusa a reestruturação são o Elliott Capital Management e o Aurelius Capital Management. Estes fundos compraram dívida argentina a preço de saldo após o "default" de 95 milhões de dólares de 2001. Agora esperam ganhar dinheiro ao exigir o pagamento completo da dívida por si detida, quando os credores que aceitaram a reestruturação só vão receber 30 cêntimos por cada dólar de dívida.

 

Especialistas em dívida soberana consultados pela agência Reuters consideram que a posição dos credores holdout pode vir a sair reforçada com este impasse.

 

"Tenho a sensação que os holdouts poderão ficar por cima numa situação muito pior porque a entrada em incumprimento é uma caixa de Pandora", disse à Reuters Hans Humes, director-executivo da Greylock Capital Management em Nova Iorque.

 

Mas a Argentina pode vir mesmo a forçar um "default" de forma a reestruturar toda a sua dívida de forma a colocá-la sob legislação fora do âmbito dos tribunais norte-americanos.

 

Esta possibilidade estava prevista num memorando da sociedade norte-americana de advogados que representa a Argentina, revelado publicamente no final de Maio.

 

A Argentina receia vir a ter um prejuízo extra de 120 mil milhões de dólares, caso chegue a acordo com os credores "holdout". Esta preocupação prende-se com uma cláusula contida nos contratos ("RUFO - rights upon future offers"), que estabelece que, caso a Argentina avance para uma reestruturação voluntária até 31 de Dezembro, vai ter que pagar igual valor a todos os credores.

 

Desta reunião poderá sair uma de duas soluções. Primeiro, o juíz pode vir a dar luz verde à Argentina para aos credores reestruturados, evitando assim o incumprimento.

 

Depois, a Argentina pode ficar com a possibilidade de aceitar negociar com os credores relutantes, mas somente após a cláusula Rufo expirar no final deste ano, evitando assim pagar mais dinheiro aos credores reestruturados.

 

Em cima da mesa está ainda uma terceira opção: a entrada em incumprimento de pagamento que poderá vir a lançar uma nuvem negra sobre a economia da Argentina.

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