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Operação Fizz: Orlando Figueira pede acareação alegando que presidente do BPA mentiu

As contradições entre o ex-procurador e arguido Orlando Figueira e o banqueiro luso-angolano Carlos Silva, que nega ter contratado o ex-procurador, levaram hoje a defesa do magistrado a pedir uma acareação no julgamento do processo 'operação Fizz'.

07 de Maio de 2018 às 19:44
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Na versão de Orlando Figueira (na foto), Carlos Silva, presidente do Banco Privado Atlântico (BPA) e vice-presidente do Millenium, tinha-lhe oferecido um contrato de trabalho para ser assessor jurídico do banco angolano, facto que nunca se concretizou e que terminou com a intervenção do advogado Daniel Proença de Carvalho para sanar o diferendo.

 

No testemunho de hoje, Carlos Silva negou ter contratado Orlando Figueira, desmentindo a versão do magistrado, negou tê-lo conhecido em Luanda e que no almoço que tiveram em Lisboa não falaram de trabalho, nem de futuras remunerações, insistindo que não tem o número de telemóvel nem o mail do ex-procurador.

 

Confrontado com uma série de e-mails enviados para a sua caixa de correio, entre Dezembro de 2011 e Janeiro de 2012, nomeadamente um do arguido Paulo Blanco a saber se havia "algum desafio" no BPA para Orlando Figueira, o banqueiro disse que se limitou a sugerir que falasse com um dos accionistas do BPA, Paulo Marques, entretanto falecido.

 

"Nunca mais ouvi falar de Orlando Figueira, nunca mais soube da vida dele. Desconheço o e-mail [enviado por Paulo Blanco] com a minuta do contrato de trabalho. Não li, não me chegou", disse em tribunal, desmentindo o arguido.

 

Questionado sobre vários e-mails enviados por Paulo Blanco, umas vezes escritos de forma bastante informal e outras mais formais, Carlos Silva afirma que muitos não leu, que é um homem muito ocupado e disciplinado e que deu instruções à assistente para não lhe dar conhecimento dos mesmos.

 

"Paulo Blanco nunca foi meu advogado nem do banco. Tem um perfil proactivo, cria cenários, antecipa-se", disse, acrescentando que, a determinada altura devido à insistência, teve de "gerir a relação com distância".

 

Contradizendo as versões dos dois arguidos, o banqueiro falou de uma "teoria absurda", de um conluio entre Blanco e Figueira do qual diz desconhecer as motivações.

 

Desagradado com as declarações da testemunha, Orlando Figueira pediu uma acareação com o banqueiro, aguardando-se a decisão do tribunal.

 

À saída do tribunal, Orlando Figueira disse que Carlos Silva mentiu, questionando como é possível alguém acreditar que ele não tenha recebido os e-mails referidos em julgamento.

 

"Depois de dois anos de maldade que este indivíduo fez a um homem com 23 anos imaculados de magistratura, esperava-se que tivesse metido a mão na consciência e viesse dizer a verdade mas não veio", disse o ex-procurador.

 

Paulo Blanco disse que desde o princípio assumiu tudo o que fez "com honradez" e que esperou "durante algum tempo que também assumissem aquilo que fizeram", acrescentando que entre depoimentos e documentos juntos ao processo "o tribunal saberá avaliar muito bem a prova".

 

Carlos Silva apenas disse que "respeita o tribunal" e que continuará a depor "com responsabilidade".

 

A 'operação Fizz' julga crimes de corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documentos e tem como arguidos.

 

Após a separação da matéria criminal que envolve o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente, o processo tem como arguidos Orlando Figueira, o empresário Armindo Pires e Paulo Blanco.

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