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"A grande prioridade do secretário de Estado Paulo Núncio era o e-factura"
O ex-director-geral do Fisco afirmou no Parlamento que Paulo Núncio nunca lhe falou no tema das transferências para offshores nem na publicação das estatísticas. E lamenta que durante o seu mandato nunca tenha sido nomeado um sub-director-geral para a área da informática.
"A grande prioridade do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais [Paulo Núncio] era o e-factura. Concretamente, esta questão das transferência para as offshores nunca foi especificamente abordada", afirmou esta sexta-feira no Parlamento o ex-director-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) António Brigas Afonso (na foto). Ainda assim, afirmou, "a informação era tratada e reportada nos relatórios", nomeadamente no relatório anual de combate à fraude.
Brigas Afonso está numa audição parlamentar na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa na sequência do caso das offshores. Confrontado com os deputados sobre o que aconteceu durante o seu mandato, entre Julho de 2014 e 23 de Março de 2015, o ex-responsável diz não ter qualquer explicação para que um conjunto de transferências para paraísos fiscais ter escapado ao controle da Inspecção Tributária.
"As pessoas são muito competentes, há chefias intermédias, recorria à eng. Graciosa, que constava da lista da Cresap, mas não era a mesma coisa", declarou.
Eurico Brilhante Dias, do PS, confrontou o ex-director-geral com o facto de a Cresap ter feito "um concurso, cujo processo chegou ao fim", mas, apesar disso, o secretário de Estado de então não chegou a fazer nenhuma nomeação. "Eu insisti, mas nunca obtive resposta", respondeu Brigas Afonso. "Eu falava no assunto, mas nunca foi nomeado ninguém. O SEAF não deu seguimento a esse meu pedido várias vezes feito" apesar de "o assunto ter sido várias vezes abordado". E que justificação era dada? "a justificação era que ainda não tinha tido oportunidade de falar com a ministra [Maria Luís Albuquerque]. E o argumento foi sempre o mesmo, durante 8 ou 9 meses, questionou o deputado? A resposta foi incisiva: "Sim."
(Notícia actualizada às 15:50 com mais informação)