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Governo italiano sobe valor do défice para 2,4% do PIB em 2019, 2020 e 2021

A coligação no poder em Itália concordou em encerrar os exercícios de 2019, 2020 e 2021 com um défice orçamental de 2,4% do PIB, o que significa uma subida deste valor, noticiaram as agências italianas esta noite.

10º - Itália - População rica: 252 mil; Riqueza: 497 mil milhões de dólares
Alessia Pierdomenico
Lusa 28 de Setembro de 2018 às 00:14

Esta decisão, que ainda tem de ser votada no parlamento, deixa adivinhar novas tensões com a Comissão Europeia e nos mercados financeiros, dada a dimensão da dívida italiana, equivalente a 133,4% do produto interno bruto (PIB) no final do primeiro trimestre de 2018.

 

A informação foi divulgada por um porta-voz do Executivo italiano: "Acordo alcançado com todo o Governo sobre o (valor de) 2,4%. São as contas da mudança", disse, citando os dois vice-presidentes do Governo, Luigi Di Maio, líder do partido anti-sistema Movimento 5 Estrelas (M5E), e Matteo Salvini, da Liga, de extrema-direita.

 

Várias fontes disseram que o ministro da Economia, o independente Giovanni Tria, que insistia em manter o tecto de 1,6%, aceitou a mudança na reunião feita na tarde de quinta-feira entre os principais dirigentes do Governo, para estabelecer o chamado Documento de Economia e Finanças (DEF).

 

Os analistas esperam agora a reacção dos investidores a estas intenções de aumento das despesas do país com uma dívida pública superior a 130% do PIB.

 

O anterior Governo do Partido Democrata, de centro-esquerda, já tinha deixado alinhavado em Abril último este plano macroeconómico, com os objectivos de crescimento e défice para o próximo triénio, mas a actual coligação populista, especialmente o M5E, chegou ao poder com promessas eleitorais que exigiam aumentar a despesa pública.

 

"Hoje [quinta-feira] é um dia histórico. Hoje a Itália mudou", escreveu o líder do M5E e ministro do Trabalho e Desenvolvimento Económico, Luigi Di Maio, na sua conta na rede social Facebook.

 

"Pela primeira vez, o Estado está do lado dos cidadãos. Pela primeira vez, não tira, mas dá. Os últimos são finalmente os primeiros, porque sacrificámos os privilégios e os interesses dos potentados. Estou feliz. Juntos demonstrámos que se pode mudar o país e que há dinheiro" para isso, acrescentou.

 

Para o político anti-sistema, cujo partido foi o mais votado nas eleições de Março, "as contas do povo voltaram para casa e pela primeira vez na história deste país elimina-se a pobreza, graças ao rendimento mínimo, para o qual existem dez mil milhões (de euros), e relança-se o mercado de trabalho".

 

O acordo para aumentar o limite do défice foi alcançado durante uma reunião que durou várias horas, entre os dois vice-presidentes, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, e o titular da Economia, Tria.

 

A reunião foi precedida de fortes tensões no seio do Governo, pelas pressões dos dois líderes eurocépticos sobre Tria, para aumentar o tecto do défice até aos 2,4% e poder, assim, realizar as promessas eleitorais.

 

O ministro da Economia defendia um forte controlo do défice em 1,6% do PIB, tal como estimava o anterior executivo do Partido Democrata, para evitar o aumento da dívida pública.

 

Chegou inclusive a falar-se da sua possível demissão no caso de não suportar as pressões e perder o pulso.

 

Antes da reunião, Di Maio deixou claras as suas linhas vermelhas: "Não recuaremos nem um milímetro sobre o rendimento mínimo universal (...). Será um orçamento valente para as pessoas".

 

Na mesma linha, Salvini apoiou superar os 2% porque "o direito ao trabalho, à felicidade, de milhões de cidadãos merece alguns números".

 

O M5S prometeu na campanha eleitoral um subsídio para os desempregados, de 780 euros, a Liga defendeu uma descida drástica de impostos, com uma taxa única para todos os rendimentos de 15%, e ambos os partidos defenderam a reforma do sistema de pensões para reduzir a idade da reforma, entre outras promessas.

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