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Bolsa italiana com maior queda desde o Brexit. Juros disparam mais de 30 pontos
A banca italiana está a afundar, levando a bolsa a registar a maior queda em mais de dois anos. Também os juros estão a disparar em todos os prazos, com os investidores a reagirem às metas orçamentais para os próximos três anos.
A bolsa italiana está a descer praticamente 4% e os juros da dívida pública estão a disparar em todos os prazos, depois de o Governo ter anunciado um acordo sobre a meta para o défice nos próximos três anos, que deixa adivinhar novas tensões com a Comissão Europeia e que pode pôr em causa a sustentabilidade das finanças públicas.
O acordo foi conhecido ontem à noite, e a reacção dos mercados esta sexta-feira traduz o desagrado dos investidores com as ambições da coligação populista. A bolsa italiana está a desvalorizar 3,95% para 20.660,82 pontos, o que representa a maior descida desde 27 de Junho de 2016, no rescaldo do Brexit.
A bolsa está a ser arrastada sobretudo pelos bancos, cuja negociação chegou a estar interrompida durante a manhã.
O banco BPM afunda 10,96%, o UBI Banca desce 8,59% e o Unicredit desvaloriza 7,5%. O Intesa Sanpaolo cai 7,11% e o Mediobanca desliza 6,09%.
Esta evolução está a penalizar todo o sector financeiro da Europa, com o índice Stoxx para a banca a cair praticamente 3%.
Também os juros da dívida italiana estão a reflectir os receios dos investidores em relação aos planos orçamentais do Governo formado pelo 5 Estrelas e pela Liga. No prazo a dez anos, o prazo de referência, os juros estão a disparar 33,6 pontos para 3,225%, depois de terem chegado a tocar nos 3,260%, o valor mais alto desde 29 de Maio, altura em que o país não conseguia encontrar uma solução de governo capaz de assegurar apoio maioritário no parlamento.
No prazo a cinco anos, a yield sobe 41,5 pontos para 2,314% e no prazo a dois anos avança 37,6 pontos para 1,153%.
O nervosismo em torno de Itália está a contagiar toda a negociação da Europa, com alguns dos principais índices do Velho Continente, como o alemão DAX e o espanhol IBEX a descerem mais de 1%. O índice de referência para a Europa, o Stoxx600, cai 0,63% para 383,94 pontos.
Esta quinta-feira à noite a coligação no poder em Itália concordou em aumentar o limite do défice e encerrar os exercícios de 2019, 2020 e 2021 com um défice orçamental de 2,4% do PIB, uma decisão que ainda tem de ser aprovada no parlamento.
A informação foi divulgada por um porta-voz do Executivo italiano: "Acordo alcançado com todo o Governo sobre o (valor de) 2,4%. São as contas da mudança", disse, citando os dois vice-presidentes do Governo, Luigi Di Maio, líder do partido anti-sistema Movimento 5 Estrelas (M5E), e Matteo Salvini, da Liga, de extrema-direita.
Várias fontes disseram que o ministro da Economia, o independente Giovanni Tria, que insistia em manter o tecto de 1,6%, aceitou a mudança na reunião feita na tarde de quinta-feira entre os principais dirigentes do Governo, para estabelecer o chamado Documento de Economia e Finanças (DEF).