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Tria aceita medidas-bandeira no orçamento mas não abdica de consolidação
O ministro das Finanças italiano reconhece que as principais promessas eleitorais do 5 Estrelas e da Liga vão constar do orçamento para 2019, contudo Giovanni Tria lembra que jurou zelar pelos interesses do país e, como tal, não abdica de prosseguir um caminho de consolidação das contas públicas.
Uma no cravo, outra na ferradura. Esta expressão popular resume a atitude do ministro italiano das Finanças na véspera da discussão, pelo conselho de ministros transalpino, do documento de economia e finanças que irá depois enquadrar a estratégia orçamental do executivo anti-sistema de aliança entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga, fortemente dividido quanto ao nível de esforço de consolidação que deve constar do próximo orçamento.
"Jurei zelar pelos interesses da nação", declarou Giovanni Tria esta quarta-feira, 26 de Setembro, numa conferência organizada pela Confcommercio, com o ministro das Finanças a admitir depois que o orçamento para 2019 incluirá a redução de impostos a família e empresas (flat tax), a reforma do sistema de pensões e um rendimento de cidadania para os mais pobres.
Ou seja, Tria aceita acomodar as exigências da Liga e, em especial, do 5 Estrelas, cujas promessas eleitorais implicam aumentos de despesa e reduções de receita, desde que em articulação com medidas que permitam continuar o caminho de consolidação orçamental.
Como? Através da aplicação gradual dessas medidas, explica Tria, que assim tenta conciliar as exigências de contenção orçamental feitas pela Comissão Europeia com os interesses da Liga e do 5 Estrelas.
"Haverá intervenções nesses capítulos, mas graduais. Este governo pediu a confiança do parlamento comprometendo-se a preservar a sustentabilidade da dívida [pública]", acrescentou o titular das Finanças transalpinas.
Estas declarações dirigem-se sobretudo a Luigi Di Maio, líder do 5 Estrelas e vice-primeiro-ministro, que na terça-feira, após uma reunião com os restantes ministros "grillini", defendeu publicamente não haver nada que impeça que o défice ultrapasse, em 2019, os 2% do PIB (podendo ir até aos 2,5%), deixando no ar a ideia de eventual chumbo de uma proposta orçamental que não inclua o prometido rendimento de cidadania.
Depois de ter sido noticiado há uma semana que, para Tria, o défice não poderia escalar além dos 1,6%, agora, escreve o Il Messagero, o ministro admitirá uma subida até aos 1,9%, desde que acompanhada da redução da dívida pública. No Programa de Estabilidade enviado para Bruxelas, Roma comprometeu-se com um défice de apenas 0,8% em 2019.
O governante, que não é filiado em nenhum partido, e que apesar das críticas ao funcionamento da moeda única não defende abertamente a saída do euro, definiu ainda como grande prioridade do país reduzir a dívida pública que se fixa actualmente em torno de 131% do PIB.
Para o conseguir, promete um orçamento voltado para a promoção do crescimento económico, designadamente através do reforço do investimento público. Nesse sentido, este professor universitário confirma que o corte de impostos defendido pela Liga irá figurar no orçamento para o próximo ano, para já com reduções da carga fiscal aplicada às empresas. O corte de impostos às famílias será deixado para depois.