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Mário Centeno: "Itália deve ultrapassar a incerteza"

A pouco tempo da entrega da proposta do Orçamento do Estado para 2018, o presidente do Eurogrupo deixou alertas para o Governo italiano. E deu o exemplo português.

Mário Centeno
Tiago Silva Dias/Correio da Manhã
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 14 de Setembro de 2018 às 10:50
Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, vestiu a pele de ministro das Finanças de Portugal numa entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera para falar sobre Itália. Apesar de dizer que não há uma receita perfeita que encaixe em todos os países, Centeno garante que o principal ingrediente necessário é a "confiança", fazendo um paralelismo com os primeiros meses de desconfiança dos mercados perante o seu Governo: "Itália deve ultrapassar a incerteza".

"Posso falar da experiência portuguesa, mas isto não é uma prescrição", começou por ressalvar Mário Centeno, referindo que cabe ao Governo italiano escolher a sua estratégia e que dentro do "grande chapéu" do euro é possível várias abordagens. É o caso de Portugal onde o actual presidente do Eurogrupo diz que foi preciso explicar as medidas e ter "paciência" para ver os resultados.

Centeno tem uma certeza: "As políticas não são eficazes num contexto de constante incerteza", avisa, aconselhando uma implementação gradual e previsível das medidas, tal como ocorreu em Portugal nos últimos três anos. "Como economista eu não acredito em grandes impactos, grandes máquinas", confessou, assinalando que "o factor mais importante para as economias neste ponto do ciclo económico é o aumento da confiança".

Para tal é necessário avaliar os resultados e os impactos das medidas - "sejam estas o que forem" - de forma a que essa monitorização garanta que "no final do dia se tenha os resultados desejados". Em Itália acontece o contrário, neste momento: o Governo tem feito declarações contraditórias em relação ao cumprimento das regras europeias e a tensão interna já se nota com o ministro das Finanças, Giovanni Tria, a ameaçar sair por estar "farto e cansado" do Movimento 5 Estrelas de Luigi di Maio, o parceiro da Liga de Matteo Salvini na coligação governamental.
O tira-teimas sobre a instabilidade da actual solução governativa será feito quando for apresentada a proposta para o Orçamento do Estado para 2019, que deverá incluir várias propostas dos dois partidos que pressionam a despesa e podem fazer derrapar o saldo orçamental. Enquanto presidente do Eurogrupo, Mário Centeno confia que Tria está "consciente" que Itália, sendo um país com uma elevada dívida pública, tal como Portugal, tem de continuar a reduzir o endividamento no futuro, o que implica controlar o défice.

Admitindo que actualmente existem dúvidas sobre Itália que se reflectem em vários factores (investimento, juros da dívida, entre outros), Centeno aconselha o Governo a tomar decisões que "tenham em vista transformar isso". "Não há uma receita perfeita que encaixe em todos, mas uma forma de trabalhar nessa direcção é apresentar propostas credíveis, mostrar que são compatíveis com o Pacto de Estabilidade e Crescimento", explicou.

O presidente do Eurogrupo, entidade informal que reúne os ministros das Finanças da Zona Euro, garante que a União Europeia tem feito uma aplicação inteligente das regras e que a atmosfera à volta das reuniões do Eurogrupo mudou, tendo a capacidade de alcançar compromissos "melhorado claramente". "Actualmente temos um conjunto de instrumentos mais alargado do que anteriormente e, assim, estamos mais preparados para as crises", garantiu.
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