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Governo italiano sinaliza 'sim' às regras de Bruxelas com medidas graduais

Matteo Salvini foi ao encontro das garantias deixadas pelo ministro das Finanças. Itália deverá ter défice abaixo dos 3%, optando por implementar as medidas de forma gradual.

Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 05 de Setembro de 2018 às 10:15
É um dos primeiros - se não o primeiro - sinais de que o Governo italiano poderá mesmo seguir a estratégia que tem sido defendida por Giovanni Tria, o ministro das Finanças italiano. A Liga prepara-se para aceitar o cumprimento da meta de défice orçamental imposta pela União Europeia de 3% do PIB. Isso deverá implicar que as medidas que constavam dos programas eleitorais e transitaram para o acordo da actual coligação tenham de ser implementadas de forma faseada.

Anteriormente, o vice-primeiro- ministro, Matteo Salvini, tinha sido um dos promotores das dúvidas à volta do Orçamento do Estado para 2019, tendo sugerido que as regras não eram importantes, privilegiando a melhoria das condições de vida dos italianos no curto-prazo.

Os comentários mais fortes de Salvini, semelhantes aos do seu parceiro de coligação do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, contrastaram com as garantias que Giovanni Tria tem vindo a deixar. Ainda recentemente, em visita à China, onde procurava por investidores chinesas para a dívida pública italiana, Tria disse que as metas de Bruxelas são para cumprir.

Esta terça-feira o discurso de Salvini ajustou-se. "Vamos tentar respeitar todas as regras [europeias], todos os constrangimentos e todos os compromissos feitos", assegurou o ministro do Interior e líder da Liga, Matteo Salvini, citado pela Bloomberg. Este é um sinal mais forte dado por uma metade da coligação governativa de que não haverá braço de ferro com Bruxelas. "Nós conseguimos fazer com que o país cresça e melhorar a vida dos italianos sem irritar aqueles que nos olham de cima", disse Salvini, referindo que tentarão ser "convincentes".

Segundo aReuters, está em cima da mesa uma estratégia de implementação das medidas de forma faseada. Em causa está um rendimento mínimo para os mais pobres, cortes de impostos para cidadãos e empresas assim como a diminuição da idade de reforma ou os investimentos em infraestruturas depois da queda da ponte em Génova - tudo medidas que podem ser adiadas ou aplicadas por partes, o que suaviza o impacto orçamental ao longo do próximo ano. 
A possibilidade do défice poder ser alvo de um braço-de-ferro com Bruxelas e a mudança de perspectiva do rating para negativa por parte da Fitch levaram os juros italianos para máximos de Maio, o pico da crise política pós-eleições. Com as declarações de Salvini, esta quarta-feira a dívida italiana está a aliviar das subidas recentes. A taxa de juro associada à dívida a 10 anos de Itália está a cair 8,6 pontos base para 2,931%.

Dentro da União Europeia já há vozes a pedir uma forte posição face ao Governo italiano. O ministro das Finanças austríaco, Hartwig Loeger, disse à Bloomberg que Bruxelas tem de estar preparada para agir de forma a assegurar que a Itália reduz a dívida pública em linha com as regras europeias. Mas não é expectável que a poucos meses das eleições europeias - que se realizam em Maio de 2019 - a actual liderança queira abrir uma guerra com Itália.
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