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UTAO: Défice de 2015 sem medidas extraordinárias fica em 3,1%
A estimativa é da UTAO e antecipa o valor que será provavelmente confirmado pela Comissão Europeia até Maio. O dado é relevante para a avaliação do esforço orçamental do ano passado.
O défice orçamental de 2015 excluindo o efeito do Banif e a um contribuição extraordinária para o Fundo Único de Resolução terá ficado em 3,1% do PIB, avançou a UTAO na sua nota de análise aos dados de contas nacionais divulgados a semana passada pelo INE. O valor terá de ser confirmado pela Comissão Europeia até Maio e será importante para avaliar o esforço orçamental nacional em 2015, numa altura em que já é certo que Portugal não fechará o Procedimento dos Défices Excessivos (PDE), como recomendado ao país pela União Europeia (UE).
"Excluindo operações de natureza extraordinária, o défice orçamental de 2015 cifrou-se em 3,1% do PIB", lê-se na nota distribuída aos deputados, na qual a UTAO parte do défice orçamental global de 4,4% do PIB estimado pelo INE na semana passada, para depois retirar o efeito de 1,4% do PIB resultante da resolução e recapitalização do Banif no final do ano passado (segundo estimativa do INE) e ainda uma contribuição extraordinária para o Fundo Único de Resolução (130 milhões de euros) que ocorreu em 2015 aumentando a receita (embora diga respeito ao exercício de 2016)
Com o défice orçamental a ultrapassar os 3% do PIB é já certo que Portugal não conseguirá fechar o PDE com base nos dados de 2015, como estava previsto. Nesse contexto, e para avaliar potenciais sanções, Bruxelas avaliará o esforço orçamental do país em 2015, e no período 2013 a 2015. Para esta avaliação a variação do saldo estrutural é o dado mais importante.
"Apesar do défice ter evidenciado uma melhoria face ao registado em 2014, esta não foi suficiente para se atingir o objetivo orçamentado e não permitirá o encerramento do Procedimento dos Défices Excessivos. O défice registado em 2015 excedeu em 0,3 p.p. o objetivo anual de 2,8% do PIB definido no OE/2015 (corrigido de operações one-off)", escreve a UTAO.
O valor sem medidas extraordinárias representa uma melhoria de 0,5 pontos face aos 3,6% registados no ano passado. Contudo, usando a estimativa de efeitos do ciclo económico nas contas públicas publicada pela Comissão Europeia em Janeiro, o saldo orçamental estrutural nacional poderá rondar os 2% em 2015, o que confirmaria um agravamento do desequilíbrio estrutural das contas em 0,5% a 0,6% do PIB face aos 1,4% do PIB de 2014 estimados também por Bruxelas.
(Notícia actualizada pela última vez às 18:00)