Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Tsipras: A Europa deve acabar com a austeridade ou a extrema-direita vai mudar a Europa

Em artigo de opinião no Financial Times, o líder do Syriza pede a realização de uma conferência europeia sobre a dívida, como a realizada após a Segunda Guerra Mundial e que aliviou o peso da dívida à Alemanha. Alexis Tsipras defende que chegou o momento de "acabar com a austeridade", caso contrário Marine Le Pen e a extrema-direita vão ganhar cada vez mais poder na Europa.

Costas Baltas/Reuters
21 de Janeiro de 2015 às 13:19
  • 15
  • ...

O líder do Syriza garante que a Grécia vai "manter um orçamento equilibrado", mas defende que um governo democraticamente eleito deve decidir "por si próprio" como atingir as suas metas. Isto é, com menos austeridade.

 

"Deixem-me esclarecer um equívoco: equilibrar o orçamento do governo não requer automaticamente austeridade. Um Governo do Syriza vai respeitar as obrigações da Grécia, como membro da Zona Euro, para manter um orçamento equilibrado, e vai comprometer-se com metas quantitativas", defendeu Alexis Tsipras num artigo de opinião no Financial Times publicado na terça-feira, 20 de Janeiro.

 

"É um assunto fundamental da democracia que um governo recém eleito decida por si próprio como atingir essas metas", declarou.

 

O líder do Syriza aponta que a "austeridade não faz parte dos tratados europeus; a democracia e o príncipio da soberania popular fazem. Se o povo grego nos confiar o seu voto, implementar o nosso programa económico não vai ser um acto unilateral, mas uma obrigação democrática."

 

Alertou que a ascensão da extrema-direita na Europa deve-se à austeridade aplicada na Europa. "Devemos acabar com a austeridade para não deixarmos que o medo mate a democracia. A não ser que as forças do progresso e da

A austeridade não faz parte dos tratados europeus. A democracia e o princípio da soberania popular fazem.
 
Alexis Tsipras

democracia mudem a Europa, vai ser Marine Le Pen e os seus aliados de extrema-direita que vão mudá-la por nós."

 

O líder do Syriza recordou que a Alemanha só atingiu "um milagre económico" após a Segunda Guerra Mundial por os seus credores internacionais - entre os quais a Grécia - terem aliviado em cerca de 60% o peso da sua dívida na Conferência de Londres em 1953.

 

"Pedimos agora uma conferência europeia sobre a dívida, que vai provocar um forte impulso no crescimento da Europa (...) Este é um dever moral", escreveu.

 

No artigo de opinião, também falou sobre o actual Governo helénico liderado pelos conservadores do Nova Democracia. "A austeridade falhou na Grécia", argumenta. "O Governo prometeu aos credores internacionais ir cortar mais salários e pensões e aumentar os impostos em 2015. Mas esses compromisso apenas dizem respeito ao Governo de Antonis Samaras, razão pela qual vai sair do Governo".

 

Sobre um possível programa de compra de dívida pública pelo Banco Central Europeu (BCE), Tsipras defende que este deve "ser numa escala suficientemente grande para curar a Zona Euro".

 

Para terminar, Alexis Tsipras deixa a garantia que, quando chegar ao poder, o Syriza vai "fazer as reformas de que a Grécia realmente precisa".

 

Sondagens dão Syriza como favorito

 

A quatro dias das eleições legislativas, a Grécia vive diferentes experiências nos mercados. As taxas de juro da dívida de referência (10 anos) estão a recuar 14,9 pontos base para 9,572% na sessão desta quarta-feira, 21 de Janeiro, depois de quatro sessões a valorizar. Contudo, a taxa de juro está a subir nas maturidades a três anos, mais 30,4 pontos para 11,852%, e a cinco anos, mais 5,6 pontos para 10,548%.

 

No mercado bolsista, a praças de Atenas lidera as perdas na Europa, ao recuar 2,02%, com destaque para a queda de 5,78% do Alpha Bank e de 3,70% do Piraeus Bank.

 

O Syriza continua a liderar nas intenções de voto para as eleições do próximo domingo, 25 de Janeiro. O partido de extrema-esquerda obteve 31,2% contra os 27% dos conservadores do Nova Democracia, num inquérito da Rass para o site noticioso iefimeriga.gr, segundo o Kathimerini.

 

Em terceiro, surge o partido de centro-esquerda To Potami que obteve 6,3% das intenções de voto. Seguem-se os comunistas do KKE com 5,5%; o Aurora Dourada de extrema-direita com 4,5%; os socialistas do PASOK com 4%; e os Gregos Independentes, partido anti-austeridade e dissidente do Nova Democracia, com 3,1%. Mais atrás surge o Movimento dos Socialistas Democráticos com 2,2%, liderado pelo antigo primeiro ministro Giorgios Papandreou.

Ver comentários
Saber mais Grécia Zona Euro Alexis Tsipras Nova Democracia Antonis Samaras
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio