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Entre o medo e a esperança, gregos vão a votos este domingo

9,8 milhões de eleitores gregos vão este domingo às urnas. As sondagens dão vitória ao partido de Alexis Tsipras mas o resultado final está nas mãos dos indecisos. Conheça os principais partidos e como será formado o próximo Governo helénico.

Negócios 24 de Janeiro de 2015 às 00:01
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Um mês depois das eleições presidenciais, que forçaram as eleições legislativas  - por falta de consenso político na escolha do presidente da República - os gregos vão às urnas. As sondagens mais recentes indicam que o Syriza descolou face ao Nova Democracia para uma vantagem de 5 pontos. 

 

Conheça os principais partidos que vão a votos este domingo:

 

Syriza (Coligação de Esquerda Radical)Liderado pelo mediático Alexis Tsipras, 40 anos, o Syriza nasceu em 2004 tendo por base a criação de uma plataforma que juntou vários partidos e organizações de esquerda e extrema-esquerda. O Syriza, um pouco à imagem do sucedido em Portugal com o Bloco de Esquerda, conseguiu fazer coincidir na mesma organização partidária várias correntes de esquerda historicamente rivais. É precisamente em torno e a partir da figura agregadora de Tsipras que o Syriza tem conseguido a afirmar a sua crescente representação eleitoral, assumindo-se agora como o grande favorito à vitória nas eleições de 25 de Janeiro.

 

Tsipras, um dos mais novos políticos gregos, assenta na defesa da criação de uma frente de esquerda anti-austeridade parte importante do seu discurso. Uma maior moderação do líder do Syriza acontece e paralelamente à crescente probabilidade de chegada ao poder. Todavia, Tsipras e o Syriza continuam a querer a anulação da "maior parte do valor nominal da dívida pública", algo que embate de frente com as pretensões dos credores. 

 

Nova Democracia: O vencedor das últimas eleições legislativas e principal partido da direita grega é liderado por Antonis Samaras. Samaras votou contra o primeiro resgate da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional, aprovado em Maio de 2010.

 

Cerca de um ano e meio passado apoiou o executivo interino liderado por Lucas Papademos, tendo assinado o compromisso do país com as instituições europeias para que fosse libertado o segundo pacote de ajuda.

 

Fundado em 1974, o partido da Nova Democracia ganhou as eleições de 1974, 1977, 1990, 2004 e 2007. Nas últimas eleições legislativas, em Junho de 2012, o partido de Samaras venceu com 29,66% dos votos. 

 

To Potami: Criado em Março de 2014 e liderado pelo jornalista e apresentador de televisão Stavros Theodorakis, o partido de centro-esquerda To Potami afirma-se como grande candidato ao último lugar do pódio nas eleições deste domingo. Na antecâmara para a primeira participação em legislativas, depois de eleger dois eurodeputados em Maio do ano passado, as sondagens apontam para um crescimento eleitoral para a casa dos 7%. 

 

O partido de Theodorakis afigura-se como eventual parceiro de coligação para qualquer dos putativos vencedores: o Syriza ou o Nova Democracia. Apesar de ideologicamente mais próximo do centro-esquerda, o To Potami é pró-europeu e liberal em termos económicos. Theodorakis defende ainda o cumprimento integral dos compromissos assumidos com a troika.

 

Aurora Dourada: Fundado e liderado por Nikolaos Michaloliakos, o Aurora Dourada é um partido nacionalista de inspiração neonazi que centra parte fundamental da sua agenda na defesa da expulsão de todos os imigrantes ilegais que vivem na Grécia. O Aurora Dourada é contra os dois memorandos acordados entre Atenas e a troika e defende o não pagamento de toda a dívida pública helénica e a nacionalização dos bancos.

 

Nikolaos Michaloliakos conseguiu 18 assentos parlamentares nas eleições de 2012 e pretende agora afirmar-se como a terceira maior força política da Grécia. As sondagens atribuem votações ao Aurora Dourada que o situam entre a terceira e a quarta posições. Michaloliakos foi condenado a prisão preventiva em 2013, juntamente a vários elementos do partido de extrema-direita. O juiz considerou que Michaloliakos está envolvido no assassinato do rapper Pavlos Fisas. De cara às eleições, o único líder relevante do Aurora Dourada que permanece em liberdade, Ilias Panagiótaros, assegura que Michaloliakos poderá intervir durante e depois da campanha "via telefone". 

 

Partido Comunista Grego (KKE): Liderado desde 2013 por Dimitris Koutsoumbas, o KKE tem sido uma das vozes críticas das medidas de austeridade aplicadas no país e dos termos do plano de resgate externo. O partido é a favor da saída do euro, da União Europeia e de outras instituições internacionais.

 

As sondagens dão-lhe entre 4% e 6% das intenções de voto. Nas eleições legislativas de 2012 obteve 4,50% dos votos. O KKE é o mais antigo partido grego, tendo sido fundado em 1918. 

 

Pasok: Fundado em 1974 por Andreas Papandreou, pai do anterior primeiro-ministro George Papandreou, o PASOK (PanHellenic Socialist Movement) venceu as eleições legislativas de 2009 com 43,94% dos votos (as mais recentes sondagens dão ao partido uma percentagem de votos inferior a 5%).

 

Com a saída de George Papandreou da liderança do partido, esta foi assumida pelo anterior ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, em Março de 2012.

 

O PASOK liderou o país entre 1981 e 1989, 1993 e 2004 e entre 2009 e Novembro de 2012, altura em que foi nomeado o governo interino de Papademos. 

 

Gregos Independentes: Foi criado em Fevereiro de 2012 por Panos Kammenos, que abandonou a Nova Democracia em Novembro de 2011, depois do partido se ter aliado aos socialistas do PASOK para apoiar o novo governo de Papademos. "Apoiei Samaras. Conheço-o desde os nossos primeiros tempos no partido nos anos 80. Tivemos uma ligação pessoal e política... mas ele fez uma inversão, politica e moralmente, injustificável", afirmou, na altura, Panos Kammenos.


Kammenos defende que o resgate externo está a destruir a soberania da Grécia, e a condenar o país a ser uma província numa Europa "federalista" dominada pela Alemanha. Ainda assim, Kammenos defende a permanência da Grécia na Zona Euro.

 

O antigo dirigente do Nova Democracia já afirmou que está disponível para formar uma coligação após as eleições de domingo com o partido de Alexis Tsipras. Nas última eleições, os Gregos Independentes tiveram 7,51% dos votos. 

 

Movimento para a Mudança: O partido criado já no presente mês de Janeiro pelo ex-primeiro-ministro e antigo líder do Pasok, George Papandreou, tem como principal desafio a entrada no parlamento. Para o conseguir terá de alcançar aquilo que nenhuma das últimas sondagens divulgadas atribui – uma votação superior a 3%.

 

Papandreou saiu do Pasok, partido fundado pelo seu pai, em Dezembro passado para criar o Movimento para a Mudança, tendo mostrado, entretanto, disponibilidade para se coligar com o partido de Tsipras. O ex-líder do Pasok defende que após a saída da troika da Grécia, o próximo Executivo deve promover um referendo em que o eleitorado grego possa votar nas medidas a aplicar nos anos vindouros.

 

Esquerda Democrática (Dimar): O partido liderado por Fotis Kouvelis, 63 anos, é a favor da permanência da Grécia na Zona Euro mas não concorda com os termos do resgate internacional.

 

Foi fundado em 2010 (ano em que o país recebeu o primeiro pacote de ajuda) após a cisão com o Syriza. Nas últimas eleições obteve 6,25% dos votos e fez parte da coligação governamental ainda no poder. A meio do mandato, Fotis Kouvelis decidiu abandonar a coligação. 

 

Após as eleições, como é formado o governo grego? 

Se nenhum partido tiver maioria absoluta - ou seja, pelo menos, 36% dos votos para garantir 151 dos 300 lugares do parlamento - tem início um processo negocial que envolve os partidos com assento parlamentar e que dura cerca de 10 dias. Logo na segunda-feira, dia 26 de Janeiro, o chefe de Estado dá ao líder do partido mais votado um mandato de três dias para que ele forme governo. Se ele não for capaz, o mandato passa para o líder do segundo partido mais votado. Se ao fim de três dias, este também não conseguir formar governo, o mandato passa então para o líder do terceiro partido mais votado. No final deste processo, se não existir entendimento entre os partidos, o presidente da república chama os partidos para tentar formar um governo de coligação. Se não existir acordo, será formado um novo governo interino e agendadas novas eleições (como aconteceu nas anteriores eleições legislativas de 2012). 
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