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Rússia e altos salários empurram Finlândia para o quarto ano de recessão

O Executivo tem atribuído aos altos salários parte da responsabilidade pela perda de competitividade do país, simultaneamente um dos mais castigados pela recessão e embargo russo. Experiência-piloto de rendimento básico está a ser ponderada.

6º Finlândia - Pontuação 75,1
25 de Agosto de 2015 às 16:43
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O ministro finlandês das Finanças advertiu nesta semana que a economia está a caminho do quarto ano de recessão, quando se antecipava um ligeiro crescimento positivo. Falando na segunda-feira perante os embaixadores do país, em Helsínquia, Alexander Stubb descreveu a situação como "preocupante".

Citado pela Bloomberg, advertiu que a situação económica do país está mais degradada devido a choques externos – a recessão e o embargo na vizinha Rússia explicarão boa parte do mau desempenho das exportações, que terão recuado 35% nos primeiros cinco meses de 2015.

 

Mas o problema de fundo está na perda de competitividade e, nessa frente, Stubb admitiu que o governo não tem sido bem-sucedido em convencer os finlandeses a aceitar cortes salariais que considera necessários para que o país possa competir com os seus parceiros comerciais.

 

Nas previsões do banco finlandês Aktia, a economia deverá voltar a encolher 0,5 % neste ano, o que acontece desde 2011, com quebras nas exportações e no investimento.


Também citado pela Bloomberg, o primeiro-ministro Juha Sipila anunciou que o governo está a preparar uma proposta para melhorar a competitividade, que será apresentado até ao final de Setembro. "Nós temos de viver dentro da área do euro. (…) Nem sequer quero pensar sobre outras opções, por isso temos de encontrar as medidas para que possamos ser competitivos no interior do euro", disse, referindo-se a medidas que reproduzam o efeito de desvalorizações cambiais, que podem passar por redução de salários e/ou dos impostos que recaem sobre o factor trabalho.

 

Apesar de nunca ter recuperado o brilho dos tempos áureos da Nokia – entretanto comprada pela Microsoft – a economia finlandesa têm-se mantido de pé num contexto crescentemente complexo, à medida que a vizinha Rússia se torna mais agressiva e a respectiva economia se revela mais deprimida. Sinal disso é o facto de a Moody’s ainda atribuir "rating" máximo aos títulos de dívida emitidos pelo país. Contudo, também esse galardão pode ter os dias contados. Na semana passada, a agência inverteu a perspectiva para "negativa", sinalizando a probabilidade de descida de classificação, como decidido pela Standard & Poor’s que, em Outubro de 2014, retirou o "triplo A" à Finlândia. O corte no rating ocorreu quando era já certo que o défice orçamental iria superar o limite de 3% do PIB pela primeira vez desde os anos 90, em boa medida devido ao impacto da subida do investimento e gastos públicos destinada a animar a economia – o que não aconteceu.

O que fazer? Os salários não devem subir até ao fim desta década, as reformas antecipadas têm de acabar e os generosos apoios à maternidade devem ser revistos, sugere Juhana Vartiainen, chefe do Instituto de Pesquisa Económica, em Helsínquia. "Temos que adaptar o modelo nórdico a um modelo mais de mercado, como a Suécia ", diz Vartiainen, em declarações ao The Guardian. Em sua opinião, a Finlândia está mal equipada para enfrentar a globalização e os finlandeses são "extremamente conservadores e desconfiados" das reformas do mercado de trabalho que o governo diz serem necessárias para preparar o país para outro tremendo choque: nas próximas duas décadas, a população acima de 65 anos deverá duplicar.


Rendimento básico a caminho?

Com uma taxa de desemprego já na casa dos10%, o governo finlandês estará a ponderar lançar um projecto-piloto para testar o rendimento básico. E o que é isso? Uma prestação social fixa, paga independente de as pessoas trabalharem ou não, estabelecida num valor suficientemente baixo para não desincentivar a inserção no mercado de trabalho, designadamente trabalhos a tempo parcial, mas num patamar suficientemente elevado para garantir uma subsistência condigna. "Para mim, o rendimento básico significa simplificar o sistema de segurança social", disse o primeiro-ministro Juha Sipila, citado pela BBC. Ainda não é certo qual o universo que servirá para este projecto piloto, nem o valor da prestação que, à partida, oscilará entre 400 e 700 euros.





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