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Razões políticas e não técnicas separam Grécia e credores de acordo crucial

O ministro grego das Finanças estará esta terça-feira em Bruxelas para tentar alcançar um acordo político sobre as exigidas reformas aos sistemas de pensões e laboral. Sem acordo Atenas continuará sem ver desbloqueada nova tranche do empréstimo.

Reuters
04 de Abril de 2017 às 17:17
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O ministro grego das Finanças, Euclid Tsakalatos, e os seus dois ministros-adjuntos viajaram esta terça-feira para Bruxelas onde terão uma reunião com os representantes dos credores a fim de tentar desbloquear o impasse que continua a impedir a validação da segunda revisão ao cumprimento do memorando de entendimento helénico.

 

De acordo com fontes europeias citadas pelo Financial Times, em causa estão as exigidas, em especial pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), reformas ao sistema de pensões e ao sistema laboral da Grécia. Sem a prossecução destas reformas Atenas não verá validada a segunda avaliação ao programa de assistência financeira nem receberá mais ajuda financeira.

 

A adensar a importância de um acordo estão os cerca de 7 mil milhões de euros em reembolsos de dívida que as autoridades helénicas têm agendados para o próximo mês de Julho, pagamentos que Atenas não terá condições de cumprir sem ver desbloqueada uma nova tranche do apoio financeiro previsto no memorando assinado no Verão de 2015 e que poderá fazer chegar ao país até 86 mil milhões de euros.

 

As fontes citadas pelo FT sustentam que sem um acordo a Grécia poderá ter uma nova crise já no Verão, pelo que serão agora feitos esforços para alcançar um compromisso antes do encontro do Eurogrupo previsto para a próxima sexta-feira. E citado pelo jornal grego To Vima, um alto responsável da Zona Euro, reitera a urgência da situação e sustenta que que inexistência de um acordo "seria catastrófico para a situação financeira da Grécia".

 

A dificultar este acordo estão razões eminentemente políticas e não técnicas, adianta o jornal grego Kathimerini que, reproduzindo afirmações de um responsável da União Europeia (UE), escreve que a demora na conclusão da avaliação ao cumprimento do memorando se deve à hesitação do Governo liderado por Alexis Tsipras em tomar decisões políticas necessárias para que haja um acordo ao nível técnico entre credores e Atenas.

 

"As instituições estão em posição de avançar com um acordo técnico rapidamente, mas são as decisões políticas que têm de ser tomadas que estão a atrasar o processo", disse essa fonte citada pelo Kathimerini, acrescentando não acreditar que o impasse possa ser ultrapassado ainda esta noite na reunião que terá lugar na capital belga.

 

Tsipras que este fim-de-semana assegurou que não serão prosseguidas as medidas de austeridade adicionais – provavelmente referindo-se a pensões e mercado de trabalho – exigidas pela Comissão Europeia e pelo FMI antes de serem dados "passos significativos" sobre a dívida pública helénica.

 

O primeiro-ministro grego tem criticado a posição do FMI, que ainda não decidiu se integrará a parte financeira do resgate, fazendo depender essa participação da disponibilidade dos parceiros europeus para discutir a necessidade de renegociação da dívida grega e dum maior compromisso do Governo helénico em aplicar reformas estruturais.

 

Em declarações feitas esta terça-feira no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Financeiros, disse que "continuamos a acreditar que um acordo ao nível técnico nas próximas semanas não só é possível como necessário para limitar os riscos inerentes ao adiamento".

 

O próprio Moscovici admitiu que para alcançar o referido acordo são necessárias "escolhas políticas difíceis". A coligação governamental grega, protagonizada pelo Syriza, tem visto a aceitação junto do eleitorado diminuir à medida que o Governo vai implementado novas medidas de austeridade.

 

De um lado, FMI e do lado europeu a Alemanha, querem que o Governo grego aprove um corte único e horizontal às pensões e complementos já a partir de 2018, com o Executivo a pretender fasear esses cortes a aplicar somente em 2020 e 2021, o que permitiria também ao Syriza surgir menos fragilizado no conjunto de eleições dos próximos anos, que culminam com legislativas em 2019.

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