Notícia
Grécia regista pior trimestre desde o Verão quente de 2015
A economia grega caiu três vezes mais do que o esperado no quarto trimestre do ano passado. Estes dados do PIB são conhecidos numa altura em que Atenas aguarda mais um cheque e volta a esticar a corda com os credores.
A economia grega contraiu 1,2% no último trimestre do ano passado, segundo os dados oficiais divulgados esta segunda-feira, 6 de Março, citados pelo Financial Times, que aponta que esta quebra foi três vezes mais acentuada do que a primeira estimativa (-0,4%).
Os números do Elstat, a autoridade estatística da Grécia, mostram que o quarto trimestre de 2016 foi o pior em termos de progressão do PIB desde o problemático Verão de 2015, marcado pelo referendo que rejeitou as condições dos credores em troca de ajuda financeira e depois pela assinatura do terceiro resgate.
Atenas ainda aguarda luz verde das instituições credoras na segunda avaliação ao programa de assistência, que terminará a 20 de Agosto de 2018, para receber um novo cheque no âmbito do empréstimo global de 86 mil milhões de euros acordados pelo país.
Os técnicos da troika querem averiguar os dados da execução orçamental de 2016, que surpreenderam ao revelar que o excedente primário se elevou a 2% do PIB, bem acima da meta de 0,5% e duplicando o valor alcançado no ano anterior. A Reuters escreveu que querem perceber o quão estrutural (ou pontual) é este resultado, tendo dúvidas de que possa ser repetido no futuro, como é essencial para que o país possa voltar a financiar-se e pagar as suas dívidas.
O governador do banco central grego, Yannis Stournaras, já avisou que o impasse na validação da segunda avaliação ao cumprimento do memorando grego pode colocar em risco as possibilidades de crescimento da economia local, considerando que a meta de crescer 2,5% em 2017 continua a ser concretizável.
Este domingo, o primeiro-ministro grego voltou a esticar a corda e reclamou que os credores não têm outra alternativa a não ser chegarem a um acordo com o Executivo helénico. Alexis Tsipras sublinhou que "um regresso à incerteza não é a escolha mais inteligente, sobretudo quando a Europa está a fazer face a importantes desafios".
Um estudo de opinião do "think tank" Dianeosis, divulgado este fim-de-semana e noticiado pelo The Guardian, mostrou que seis em cada dez gregos não acreditam que a crise no país termine na próxima década. A taxa de desemprego ronda actualmente os 23%, ascendendo a quase 50% no caso dos jovens.
Segundo o mesmo inquérito, cerca de 60% das pessoas na Grécia defendem que deve ser reduzido o peso do sector público, sendo a mesma a proporção que acredita que o Estado intervém "demasiado" na economia e não permite ao sector privado "gerar riqueza e postos de trabalho".