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Grécia fora do euro é indesejável mas não é tragédia para a Europa

Durão Barroso e Rui Machete têm opiniões convergentes: manter a Grécia no euro é o cenário ideal pelo qual os europeus se devem bater. Mas se um novo Governo em Atenas romper o acordado, a eventual saída do euro é um evento que o clube tem hoje melhores condições para acomodar.

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06 de Janeiro de 2015 às 13:41
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"Hoje é concebível que um país possa sair do euro sem que se coloque um problema", afirmou nesta terça-feira Durão Barroso, depois de o ex-presidente da Comissão Europeia ter advertido Atenas de que um incumprimento dos compromissos pode levar a que os outros países "desistam" da Grécia.

 

Idêntica opinião manifestou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, segundo o qual a eventual saída da Grécia do euro não teria consequências tão nefestas para a moeda única nem para Portugal como no passado recente, embora tenha manifestado a esperança de que tal não aconteça. 

 

"É uma situação preocupante, mas não é uma situação trágica para Portugal. Mantemos a nossa solidariedade com a Grécia e não desejaríamos que isso acontecesse", considerou o chefe da diplomacia portuguesa aos jornalistas, após a sessão de abertura do seminário diplomático, que reúne hoje e na quarta-feira em Lisboa diplomatas e membros do executivo para discutir as prioridades da política externa. 

 

José Manuel Durão Barroso, que falava aos jornalistas à margem do mesmo seminário, disse concordar com a afirmação feita na segunda-feira por uma porta-voz comunitária de que "a adesão ao euro é irrevogável", mas acrescentou que "é importante que a Grécia não esqueça" que "o euro impõe certas regras e se as regras não forem cumpridas haverá consequências".

 

O ex-presidente da Comissão disse também desejar que Atenas não saia do euro e que está confiante de que isso não vai acontecer, sublinhando que "a melhor maneira de o evitar é a Grécia cumprir os seus compromissos".

 

Segundo Barroso, "a situação na Zona Euro é muito melhor que há alguns anos atrás", quando "havia gente, instituições e governos, que defendia que a Grécia devia sair do euro" e a Comissão Europeia "foi muito firme defendendo a integridade da Zona Euro". Mas, acrescentou, "hoje em dia, como já não há os riscos em termos dos mercados que havia (...), como já há muito mais mecanismos de defesa de outros países, há sem dúvida um risco acrescido perante uma situação de não-cumprimento por parte da Grécia, de que os outros países desistam, por assim dizer, da Grécia", disse.

 

"Mas atenção", sublinhou, "a minha primeira palavra é de solidariedade com a Grécia, acho que não devemos desistir da Grécia, mas também espero que a Grécia não coloque uma situação que seria inaceitável do ponto de vista dos outros Estados-membros".

 

No mesmo sentido, Rui Machete concordou que "no caso de haver uma saída da Grécia, seria menos grave para o euro" do que há um ou dois anos.

 

No entanto, o ministro português disse esperar que "as coisas se componham", quer ganhe o Syriza - "que já começou a rever alguns aspectos da sua posição, porque é diferente estar fora do que estar com probabilidades de exercer o poder", quer vença as eleições um partido mais à direita.

 

"A nossa posição é a da União Europeia. Esperamos que as coisas permitam que, qualquer que seja o resultado eleitoral, a Grécia cumpra as suas obrigações e seja ajudada, mas naturalmente estamos preocupados porque não podemos, em absoluto, excluir que haja outra alternativa", afirmou.

 

Machete lembrou que o euro e também Portugal estão hoje "numa situação mais forte" e, como tal, "evidentemente [a saída da Grécia do euro] teria sempre consequências nefastas, embora não as consequências nefastas que teria tido há um ou dois anos".

 

Na semana passada, a revista alemã Der Spiegel noticiou que "o Governo alemão considera quase inevitável a saída [da Grécia] da zona euro, se o líder da oposição, Alexis Tsipras, dirigir o Governo após as eleições [legislativas], abandonar a linha de rigor orçamental e deixar de pagar as dívidas do país", lia-se na página da internet da revista semanal, que cita "fontes próximas do Governo alemão".

 

Contudo, de Berlim a Paris passando por Bruxelas, o discurso oficial assenta na linha de que os gregos têm toda a legitimidade para decidir quem os vai governar, da mesma forma que os demais governos têm legitimidade para exigir ao novo Executivo de Atenas que cumpra o acordado, sendo o objectivo manter a Zona Euro estável e intacta. 


"O objectivo tem sido o de estabilizar a Zona Euro com todos os membros a bordo, incluindo a Grécia. Esse objectivo não mudou", assegurou nesta segunda-feira Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel.

 
"Os gregos são livres de decidir o seu destino. Dito isto, há determinados compromissos que foram assumidos e todos eles devem naturalmente ser respeitados", secundou, em Paris, o presidente François Hollande. "A pertença à Zona Euro é irrevogável", rebateu, em Bruxelas, uma porta-voz da Comissão Europeia. 

 

As sondagens mais recentes, citadas pela Reuters, dão vantagem  à coligação da esquerda radical liderada por Alexis Tsipras com 30,4%. Mais perto do que em anteriores, surge agora, com 27,3%  das intenções de voto, o partido Nova Democracia, do ainda primeiro-ministro Antonis Samaras.

 

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