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Durão Barroso: "É surpreendente que o governo continue a anunciar dificuldades para o futuro"

O ex-presidente da Comissão Europeia diz, em entrevista à TSF, que o governo demonstra seriedade intelectual ao anunciar dificuldades em ano de eleições. Barroso desvaloriza as críticas da Comissão e do FMI sobre as reformas estruturais. E diz que a Europa não deve deixar sair a Grécia do euro.

Reuters
Negócios 20 de Abril de 2015 às 18:38
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Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia diz, em entrevista à TSF, que o governo demonstra seriedade intelectual ao anunciar dificuldades em ano de eleições, desvaloriza as críticas da Comissão e do FMI sobre as reformas estruturais, mas pede a continuação dos esforços.

 

"Aquilo que me tem chegado do governo português tem sido uma mensagem que continua a ser de rigor. Aliás, em termos político-eleitorais é mesmo surpreendente que o governo continue a anunciar dificuldades para o futuro. Normalmente, os governos gostam de dizer, sobretudo antes das eleições, que tudo vai correr bem", diz Durão Barroso à TSF, considerando que o governo português "não pode ser acusado de estar a vir com promessas irrealistas". Pelo contrário, defende o ex-presidente da Comissão Europeia: "Até aquilo que tenho ouvido do primeiro-ministro e da ministra das Finanças tem sido no sentido de que devemos continuar os nossos esforços. E isso parece-me uma atitude intelectualmente e politicamente muito séria".

 

Durão Barroso desvaloriza as críticas que a Comissão Europeia e o FMI têm feito sobre o abrandamento das reformas estruturais, dizendo que "as posições das instituições que têm vindo a público revelam mais uma preocupação por aquilo que possa vir a acontecer do que aquilo que aconteceu".

 

O antigo responsável da Comissão entende que "Portugal fez um grande esforço" e que, "graças a esse grande esforço, voltou a ganhar credibilidade do ponto de vista internacional". Ainda assim, Barroso avisa que Portugal "não deve abandonar esse esforço". "Eu sei que isto foi muito difícil, eu sei que isto continua a ser muito difícil para grande parte dos nossos compatriotas, visto que foram medidas que exigiram sacrifícios muito grandes, mas de facto eram necessárias, atendendo à situação quase de insolvência em que o país se encontrava", diz o antigo primeiro-ministro social-democrata.

 

Sobre a Grécia, o ex-presidente da Comissão Europeia é muito crítico sobre a actuação do actual governo que - diz - poderia ter conseguido renegociar as condições dos empréstimos caso não tivesse partido para "insultos" e "pedidos irrealistas" de perdão de dívida.  "O governo podia ter utilizado a legitimidade directa que tinha tido de uma eleição recente para negociar algumas das condições dos empréstimos. Isso sim. E aí havia alguma compreensão. Mas não, começou até por atacar, às vezes até por insultar outros países".

 

Barroso critica ainda a actuação pública do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis. "Ao mesmo tempo que o ministro das Finanças está a pedir dinheiro aos outros países, faz entrevistas com grande 'glamour' nas revistas de moda e isto tem um impacto muito negativo. Se pensarmos na Alemanha, o eleitor médio, a pessoa que vive na classe média, com as suas próprias dificuldades, vê um ministro das Finanças nesta circunstância... isto não é muito animador".

 

Em relação à eventual saída da Grécia da Zona Euro, o antigo presidente da Comissão Europeia avisa que só demonstraria "um sinal de fraqueza" da UE, porque é "um tabu que se quebra, um precedente que se abre". Barroso alerta ainda para outro risco, de sinal contrário: "O Euro aparecer como mudando as suas regras por causa de um governo que chegou com ideias um pouco originais".

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