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Dijsselbloem "lamenta" má interpretação de afirmações feitas com "frontalidade holandesa"

O presidente do Eurogrupo mantém aquilo que disse mas "lamenta" que as suas declarações tenham sido compreendidas como sinalizadoras de "uma relação entre Norte e Sul".

Reuters
22 de Março de 2017 às 17:02
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Sob enorme pressão de vários líderes políticos europeus, num dia marcado pela sucessão de pedidos de demissão como foi o caso daquele já feito pelo primeiro-ministro português, Jeroen Dijsselbloem veio a terreno tentar emendar a mão sobre as declarações em que, contrapondo à solidariedade demonstrada pelos países do Norte no Âmbito da Zona Euro, afirmou que "não posso gastar o meu dinheiro todo em copos e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda".

 

Citado pela agência Reuters, o presidente do Eurogrupo disse esta quarta-feira, 22 de Março, que "lamenta que tenha sido feita outra interpretação" das declarações prestadas em entrevista ao um jornal alemão e que foram compreendidas como uma "relação entre Norte e Sul" da Europa. O também ainda ministro das Finanças da Holanda afiança que a referência a "copos e mulheres foi sobre mim próprio". "Eu quis transmitir que se gastar o meu dinheiro de forma errada não posso esperar ir pedir ajuda financeira". 

Lamentando ainda que as suas afirmações tenham feito com que várias pessoas se sintam "ofendidas", Jeroen Dijsselbloem explica o tom utilizado com a "frontalidade holandesa" e com o seu próprio "estilo directo" que muitas vezes "choca as pessoas". "A minha observação é severa, advém da austera cultura calvinista holandesa", prosseguiu.

"Compreendo que [esta atitude] nem sempre seja bem compreendida e apreciada noutras partes da Europa", disse assumindo que esta é "outra lição" que acaba de retirar. 

O político holandês reiterou também que não pretende ceder à pressão, pelo que atirou que "não tenho qualquer intenção de me demitir" da liderança do bloco de países do euro. Esta terça-feira, depois do estalar da polémica, Dijsselbloem marcou presença no Parlamento Europeu onde disse não ter feito nenhuma referência a um país ou grupo de países, insistindo que a sua intenção era a de transmitir a ideia segundo a qual a reboque da demonstração de solidariedade vêm as "obrigações". 

Apesar de não pretender abdicar da chefia do Eurogrupo, este é provavelmente o momento de maior fragilidade de Dijsselbloem na presidência do grupo de países do euro. Depois de ter saído como o grande derrotado das legislativas holandesas, realizadas na semana passada, o partido trabalhista (PvdA) de que Dijsselbloem é militante dificilmente fará parte da coligação de Governo que venha a ser formalizada e, mesmo que integre a próxima solução governativa, não deverá ficar com uma pasta com a relevância das Finanças. 

Sendo que as regras europeias apenas referem que o candidato a líder do Eurogrupo "tem que ser ministro das Finanças", não existe nada que refira que o presidente em exercício tenha de deixar o cargo se deixar também de tutelar as Finanças do respectivo país. Seja como for a pressão para que Dijsselbloem não conclua o mandato - cujo término está previsto para Janeiro de 2018 - cresceu nas últimas horas. 

(Notícia actualizada às 17:43)

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