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Marcelo ao lado do Governo sobre Dijsselbloem

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subscreveu hoje o pedido de afastamento de Jeroen Dijsselbloem defendido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, depois das polémicas declarações do presidente do Eurogrupo.

Ricardo Pereira/Sábado
22 de Março de 2017 às 12:24
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De visita oficial à Bélgica, o chefe de Estado, ao ser questionado sobre as declarações de Dijsselbloem, apontou que num dia como hoje, em que se assinala o primeiro aniversário dos atentados de 22 de Março de 2016 em Bruxelas, "há valores tão mais importantes" do que os comentários do presidente do Eurogrupo e sublinhou que o Estado português já assumiu uma posição clara.

"Eu sobre isso neste momento, em que há valores tão mais importantes do que isso, o que eu poderei dizer é que já foi tudo dito pelo senhor ministro dos Negócios Estrangeiros. E quando ele falou, falou em nome do Estado português. Portanto, como Presidente da República portuguesa, eu não posso senão subscrever o que ele disse", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, pediu na terça-feira, em Washington, o afastamento do presidente do Eurogrupo, que disse que os países do sul não podem "gastar o dinheiro todo em álcool e em mulheres".

"Hoje, no Parlamento Europeu, muita gente entende que o presidente do Eurogrupo não tem condições para permanecer à frente do Eurogrupo e o Governo português partilha dessa opinião", disse o ministro.

Numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, publicada no domingo, Jeroen Djisselbloem afirmou: "Tornamo-nos previsíveis quando nos comportamos de forma consequente e o Pacto [de Estabilidade] da Zona Euro baseia-se em confiança. Na crise do euro, os países do norte da zona euro mostraram-se solidários para com os países em crise. Como social-democrata, considero a solidariedade da maior importância. Porém, quem a exige também tem obrigações. Eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda. Este princípio é válido a nível pessoal, local, nacional e até a nível europeu".

Augusto Santos Silva considerou que estas "são declarações muito infelizes e, do ponto de vista português, absolutamente inaceitáveis".

"Há, por um lado, o aspecto de uma graçola que usa termos que hoje já não são concebíveis, essa ideia de gente que anda a gastar dinheiro com vinho e mulheres é uma forma de expressão que, com toda a certeza, não é própria de um ministro das Finanças europeu", disse o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que não era esse aspecto, no entanto, que mais o preocupa.

"Pelos vistos, o presidente do Eurogrupo continua passados estes anos todos sem compreender o que verdadeiramente se passou. O que se passou com países como Portugal, Espanha ou Irlanda não foi termos gasto dinheiro a mais. O que aconteceu foi que nós, como outros países vulneráveis, sofremos os efeitos negativos da maior crise mundial desde os tempos da grande depressão e as consequências da Europa e a sua união económica e monetária não estar suficientemente habilitada com os instrumentos que nos permitissem responder a todos aos choques que enfrentamos", explicou.

Para o chefe da diplomacia nacional, "está manifesto que o senhor Djisselbloem não tem nenhumas condições para permanecer a frente do Eurogrupo".

Durante a sua visita de hoje a Bruxelas, Marcelo Rebelo de Sousa, que já foi recebido em audiência pelo presidente do Conselho Europeu, irá ainda reunir-se com os presidentes do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
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