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Schäuble "valoriza muito" trabalho de Dijsselbloem

O ministro das Finanças da Alemanha, através de uma porta-voz, recusou comentar directamente a polémica que envolve o presidente do Eurogrupo mas fez saber que "valoriza muito" o trabalho de Dijsselbloem.

1 de Março – Schäuble em entrevista a um jornal alemão

“Não queremos um 'Grexit'. Somos solidários, mas não extorsionários. Ninguém forçou a Grécia ao programa de ajuda. Por isso, está totalmente nas mãos do Governo de Atenas. Seria bom que o Governo grego não falasse de modo que nos seja difícil convencer os nossos cidadãos”.
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O ministro das Finanças germânico fez esta quarta-feira saber que valoriza o trabalho do presidente do Eurogrupo, que tem estado envolvido nos últimos dias em controvérsia por comentários feitos sobre os países do Sul da Europa.

"O senhor Schäuble valoriza muito o trabalho do senhor Dijsselbloem enquanto presidente do Eurogrupo", afirmou esta manhã uma porta-voz do Ministério das Finanças do governo de Angela Merkel, citada pela Reuters. "Esperamos, enquanto este governo estiver em funções, que tenhamos um presidente do Eurogrupo em plenitude de funções," acrescentou.

As declarações do Ministério liderado por Wolfgang Schäuble surgem depois de várias vozes na Europa terem pedido a saída de Jeroen Dijsselbloem do cargo que ocupa entre os ministros do euro, depois de uma entrevista do também ministro holandês das Finanças ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, publicada no domingo.

"Tornamo-nos previsíveis quando nos comportamos de forma consequente e o Pacto [de Estabilidade] da Zona Euro baseia-se em confiança. Na crise do euro, os países do norte da zona euro mostraram-se solidários para com os países em crise. Como social-democrata, considero a solidariedade da maior importância. Porém, quem a exige também tem obrigações. Eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda. Este princípio é válido a nível pessoal, local, nacional e até a nível europeu", disse Dijsselbloem.


Já esta manhã António Costa tinha criticado duramente as declarações de Dijsselbloem. "Numa 
Europa a sério, o senhorDijsselbloem já estava demitido neste momento. Não é possível que quem tem uma visão xenófoba, racista esexista possa exercer funções de presidência de um organismo como oEurogrupo," afirmou o primeiro-ministro.

Questionado sobre a possibilidade da continuidade do holandês à frente do grupo dos ministros das Finanças do euro, o primeiro-ministro disse ser "absolutamente inaceitável que continue a exercer funções". "Espero que caia, está no governo a representar um partido que foi esmagado nas eleições da Holanda. Consideramos que a Europa não se faz com 'Dijssebloems'. Faz-se com os que acreditam na igualdade, se respeitam uns aos outros."

Jeroen Dijsselbloem é ainda ministro holandês das Finanças e membro do PvdA, partido que pertence à família socialista europeia e que foi o maior derrotado nas eleições da passada quarta-feira, tendo passado de 38 para apenas nove deputados. O desaire eleitoral do seu partido torna mínimas as chances deste vir a integrar a nova coligação governamental em Haia, pelo que estará prestes a perder o seu trabalho em Haia. Já o seu mandato como presidente do Eurogrupo – mandato para o qual foi reeleito no Verão de 2015, já na altura com o voto desfavorável de Maria Luís Albuquerque, que preferia o espanhol Luis De Guindos para o cargo -  termina em Janeiro de 2018.

 

Embora o posto tenha sido inicialmente pensado para um ministro das Finanças do euro em exercício, não é claro que essa circunstância seja determinante para forçar uma saída prematura, até porque já há algum tempo que se fala da vantagem de nomear de um presidente a tempo inteiro para o Eurogrupo.

Por outro lado, há quem defenda que, juridicamente, Dijsselbloem poderá concluir o seu mandato, mesmo não sendo já ministro das Finanças do seu país, já que "o que as regras actuais dizem é que um candidato [à presidência do Eurogrupo] tem que ser ministro das Finanças", o que sucedia quando o holandês concorreu, em meados de 2015, ao segundo mandato, batendo o ministro espanhol Luis de Guindos. 

Questionados sobre se apoiariam a manutenção do holandês no cargo europeu, a maior parte dos ministro preferiu nesta segunda-feira, por ocasião da reunião mensal dos ministros das Finanças do euro, contornar a pergunta. "Dijsselbloem é o presidente do Eurogrupo e um muito bom presidente", afirmou Michel Sapin, ministro francês. "O assunto não está na agenda" mas "Dijsselbloem é um presidente excelente, competente, reconhecido pelos seus pares e conhece admiravelmente bem o dossier grego", comentou, por seu turno, Pierre Moscovici, comissário dos Assuntos Económicos, também ele francês e socialista. A escolha do presidente do conselho de ministros das Finanças do euro (Eurogrupo) faz-se por maioria simples. 

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