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Reviravolta nas sondagens após morte de deputada

A tendência de subida dos partidários da saída do Reino Unido da União Europeia perdeu força nas sondagens e os defensores da permanência voltam a liderar. A imigração marcou o dia em que se retomou a campanha, suspensa após a morte da deputada trabalhista.

Reuters
19 de Junho de 2016 às 20:42
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A tendência é inequívoca nas duas sondagens publicadas após o assassinato da deputada trabalhista e defensora da permanência do Reino Unido (RU) na União Europeia (UE), Jo Cox: o Brexit perdeu a dinâmica de subida registada uma semana antes e os partidários da permanência na UE voltaram a liderar, ainda que por uma margem muito escassa. O referendo realiza-se já nesta quinta-feira, devendo os resultados serem conhecidos nas primeiras horas do dia seguinte.


Uma sondagem realizada online pela YouGov para o Sunday Times, realizada entre 16 (dia em que Cox foi atacada) e 17 de Junho dão 44% à permanência na UE e 43% à saída do espaço europeu. Nas duas sondagens anteriores feitas pela mesma entidade, o Brexit liderava recolhendo a preferência de 46% (12 e 13 de Junho) e 44% (15 e 16 de Junho) dos eleitores britânicos.


Outro estudo de opinião, da Survation, realizado por telefone entre 17 e 18 de Junho e publicado pelo Mail on Sunday, revela a mesma tendência: os dois lados trocaram de posições e "ficar" na União Europeia passou a liderar com 45% dos votos, contra 42% dos que defendem a saída (no dia 15, a posição era simétrica).


Um dos principais rostos da campanha pela saída admitiu, de resto, que o assassinato de Cox terá prejudicado o Brexit. "Tínhamos um impulso até esta terrível tragédia", afirmou Nigel Farage, líder do partido anti-europeísta UKIP. "Não sei o que se passará nos próximos três ou quatro dias… Mas a acção de uma pessoa com sérios problemas mentais… Francamente, o que vimos foi um acto de terrorismo", disse Farage, que sexta-feira depositou uma coroa de flores em homenagem à deputada.


É precisamente Farage que está neste momento envolto em mais uma polémica, desta vez desencadeada por um cartaz, onde se lê "Breaking point" por cima de um enorme grupo de refugiados a caminhar, na grande maioria homens e quase nenhuma mulher ou criança. O cartaz foi criticado por um dos líder da campanha do Brexit, Michael Gove, que considerou ser "a coisa errada a fazer".


O tema da imigração tem marcado, crescentemente, a campanha do referendo, que arrancou este domingo depois da suspensão decretada após o ataque à deputada trabalhista. Este fim-de-semana também, Boris Johnson, antigo presidente da Câmara de Londres e uma das vozes mais críticas da UE e da imigração, surpreendeu ao defender uma amnistia para todos os imigrantes clandestinos que entraram no Reino Unido há mais de 12 anos - o que suscitou reacções adversas entre o público que o ouvia num comício, descreve o The Guardian.


Se a imigração anima os discursos do "sair", do lado do "ficar" o principal argumento é económico. David Cameron e o seu ministro das Finanças, George Osborne, reforçaram os alertas sobre o impacto económico de uma eventual saída, lembrando que não há volta atrás.


O debate prosseguiu ontem além fronteiras. Wolfgang Schäuble disse que a Europa está preparada para a saída do RU e Passos Coelho lembrou que, independentemente do resultado, a Europa não voltará a ser igual depois deste referendo. 

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