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Dispersão eleitoral pode originar coligações do PSOE com Cidadãos e Podemos
A indefinição sobre o vencedor das eleições do próximo domingo em muitas das comunidades autonómicas espanholas, e a provavelmente difícil formação de governos estáveis, poderá abrir caminho a coligações do Cidadãos e do Podemos com um dos partidos tradicionais, o PSOE.
Os recentes partidos espanhóis que irromperam no quadro político em Espanha, o Cidadãos e o Podemos, ponderam negociar coligações e pactos com o PSOE depois das eleições autonómicas e municipais que vão decorrer no próximo domingo, 24 de Maio.
Isso mesmo foi admitido por membros das direcções dos dois partidos. O El País cita Matías Alonso, secretário-geral do Cidadãos, partido de centro liderado por Albert Rivera, que garante que o partido nascido na Catalunha é uma formação "marcadamente progressista", pelo que "temos muito mais afinidade para com o PSOE", do que relativamente ao PP, um partido mais conservador.
Na mesma linha, o mesmo jornal espanhol escreve que o número dois de Pablo Iglesias na direcção do Podemos, Íñigo Errejon, reconheceu que o partido chefiado por Pedro Sánchez é o interlocutor natural do partido originário do movimento 15-M.
A crescente implantação nacional, mesmo considerando que o Cidadãos começou como um partido catalão e o Podemos como um agregado de diferentes movimentos de cidadãos, veio colocar em causa o tradicional bipartidarismo espanhol.
As sondagens mais recentes mostram que apesar de liderarem as sondagens na maioria das comunidades autonómicas e municípios, PP e PSOE poderão não conseguir vitórias substantivas que assegurem uma rápida e estável formação de governos. Veja-se o caso da Andaluzia, a primeira autonomia a realizar eleições, mas que permanece há já dois meses sem conseguir constituir um Executivo.
E para fazer frente ao PP, que detém o governo de 11 das 13 regiões espanholas, tanto o Cidadãos como o Podemos poderão avançar com coligações ou acordos de governação que permitam retirar do poder o partido do primeiro-ministro, Mariano Rajoy. A legitimar esta estratégia, na comunidade de Aragão, por exemplo, uma sondagem da Metroscopia revela que 72% dos aragoneses gostariam de ser governados por um Executivo de coligação depois do próximo domingo.
Outro exemplo é o caso da comunidade de Madrid, onde o PP e o Agora Madrid, movimento apoiado pelo Podemos, seguem praticamente empatados nas sondagens. De acordo com as intenções de voto compiladas pela Metroscopia, uma coligação em Madrid, entre o movimento protagonizado por Manuela Carmena e o PSOE, garantiria uma vitória clara sobre o PP.
Há, no entanto, uma outra condicionante tendo em vista o acto eleitoral de 25 de Maio. O elevado número de indecisos poderá afastar os resultados finais dos números actualmente reproduzidos pelas sondagens. Ainda assim, parece certo que o cada vez maior protagonismo conquistado pelo Podemos e pelo Cidadãos deverá mesmo ser consubstanciado nas eleições de domingo.