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Boris Johnson recua e já admite que Londres vai ter pagar factura do Brexit

O líder da diplomacia britânica faz marcha atrás e admite agora que Londres vai ter de passar um cheque à União Europeia na sequência da saída do país da União Europeia. Boris Johnson não adianta, contudo, valores.

Toby Melville/Reuters
25 de Agosto de 2017 às 11:27
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O chefe da diplomacia britânica recuou e admite agora que Londres vai ter de pagar uma factura pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE). No mês passado, Boris Johnson adiantou que os valores que a UE queria que os britânicos pagassem na sequência do Brexit eram "exorbitantes".

Mas esta sexta-feira, 25 de Agosto, Johnson faz, por assim dizer, marcha atrás, remetendo as suas declarações do mês passado para os 100 mil milhões de euros que foram avançados em Maio pelo Financial Times, como sendo o valor calculado em função das exigências apresentadas pela Alemanha e pela França. Boris Johnson foi mesmo mais longe em entrevista à BBC Radio, citado pela Bloomberg, e adianta que Londres "vai cumprir com as suas obrigações".

"Alguns dos valores que tenho ouvido são muito altos. Claro que vamos cumprir com as nossas obrigações", disse. "Não devemos pagar nem um cêntimo a mais nem um cêntimo a menos do que aquilo que pensamos serem as nossas obrigações legais", acrescentou citado pela Reuters.

Apesar de não ter avançado qual o valor que pensa ser justo, Boris Johnson reforçou ainda que: "não estou a dizer que aceito a interpretação de Barnier [responsável pelas negociações do lado da UE] sobre quais são as nossas obrigações". "Mas estou certamente a dizer que temos de cumprir as nossas obrigações legais dado que entendemo-las como o que é esperado que o governo britânico faça", referiu, citado pelo The Guardian.

A questão da factura financeira tem feito correr muita tinta na imprensa internacional. Depois de em Maio, o Financial Times ter avançado com um valor na casa dos 100 mil milhões de euros (que é mais do que o resgate que Portugal pediu em 2011 e que foi de 78 mil milhões de euros), Londres admitiu, pela primeira vez em Julho – e já depois dos comentários de Boris Johnson - que teriam de pagar à União Europeia pela sua saída.

Boris Johnson não foi o único a manifestar-se contra um cheque de 100 mil milhões. Em Maio, quando este valor foi noticiado, David Davis, o negociador do Reino Unido para o Brexit garantiu que o país não iria pagar esse montante e que, se fosse preciso, envolveria o Tribunal de Justiça da União Europeia na disputa.

Apesar de Londres parecer não estar disponível para pagar uma factura tão alta, Paris deu recentemente sinais de não recuar. Em Julho, já depois de o Reino Unido ter reconhecido que vai ter de pagar, Bruno Le Maire, ministro das Finanças da França, insistiu no pagamento de 100 mil milhões de euros. "Podemos sempre debater o montante, mas o facto de o Reino Unido ter de pagar o que deve ao orçamento da União Europeia é um pré-requisito não negociável no início das negociações", adiantou ainda o ministro das Finanças da França.

Durante a sua intervenção na BBC, o líder da diplomacia do governo de Theresa May mostrou-se favorável a um período de transição do Brexit. Na próxima segunda-feira começa uma nova ronda de negociações entre as duas partes.

O encontro em Bruxelas é esperado com expectativa, já que será ele a decidir se as conversações passam a uma segunda fase, onde se estabelecerão os termos de uma relação futura entre os dois lados do Canal da Mancha a partir de Março de 2019, momento previsto para a desvinculação de Londres.

 

A pressão do tempo é enorme: não cumprir os timings pode precipitar uma saída da União sem qualquer acordo, inviabilizando a transição e o acordo de comércio pretendido por Londres. Antes há que acautelar elementos basilares da primeira fase, como as condições em que cidadãos da UE e do Reino Unido terão os seus direitos garantidos de parte a parte e qual o volume do cheque a passar pelos britânicos pela saída.

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