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May diz que britânicos “nunca se sentiram em casa” na UE e pede transição de dois anos

A primeira-ministra britânica assumiu que o Reino Unido "nunca se sentiu em casa" enquanto estado-membro da UE. Além disso, Theresa May quer um período de implementação de dois anos do novo relacionamento entre Londres e a UE.

Reuters
22 de Setembro de 2017 às 17:02
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O discurso de Theresa May em Florença (Itália) era muito aguardado. O The Guardian escrevia inclusivamente esta manhã que o discurso da primeira-ministra britânica era encarado como a terceira declaração de Londres sobre a saída do país da União Europeia (UE). E durante quase uma hora, a chefe de Governo colocou as cartas na mesa, abordando várias questões relacionadas com o Brexit.

O tom inicial foi de optimismo. "Estamos a passar um período novo e crítico na história do relacionamento do Reino Unido com a União Europeia. A população britânica decidiu sair da UE e ser uma nação de comércio livre global e capaz de traçar o seu próprio caminho no mundo. Para muitos, esta é uma época empolgante, cheia de promessas. Para outros, é uma era de receios. Olho para a frente com optimismo", disse a líder do governo britânico.

Theresa May assumiu que o Reino Unido, enquanto Estado-membro da UE "nunca se sentiu totalmente em casa". "E, talvez porque causa da nossa história e geografia, nunca sentimos que a União Europeia fosse parte integral da nossa história nacional, como muitos sentem na Europa", acrescentou citada pela Reuters.

A evolução das negociações até aqui, para May, permitiu que tenham sido alcançados "progressos concretos em muitas questões importantes", isto "graças ao profissionalismo e diligência de David Davis e Michel Barnier". Esta visão não em linha com as declarações do lado europeu, proferidas após o fim da terceira ronda de negociações, que terminou no final de Agosto. A primeira-ministra garantiu também que Londres vai deixar a UE "no final de Março de 2019 e as negociações vão continuar potencialmente até muito próximo dessa data". O líder das negociações por parte do bloco europeu, Michel Barnier, já defendeu que é necessário que haja um acordo até Novembro de 2018, cerca de quatro meses antes do Brexit efectivo.

Não é propriamente uma novidade que o Reino Unido quer um período de transição. May falou de um período de implementação do novo relacionamento com o bloco económico europeu. "Durante o período de implementação, as pessoas vão continuar a poder vir, viver e trabalhar no Reino Unido mas vai haver um sistema de registos, uma preparação essencial para o novo regime. Hoje, essas considerações apontam para um período de implementação de cerca de dois anos", referiu a chefe de Governo, citada pela agência de informação.

"Claramente as pessoas, as empresas e os serviços públicos devem ter apenas um plano para um conjunto de mudanças na relação entre o Reino Unido e a UE. Por isso, durante o período de implementação, o acesso a um e a outro mercado deve continuar nos termos actuais e o Reino Unido deve continuar a fazer parte das medidas de segurança existentes. Em particular, sei que as firmas iriam acolher bem a certeza que isto proporcionaria", acrescentou.


No período destinado às questões, a líder britânica foi questionada sobre que leis iriam aplicar-se neste período. Theresa May, citada pelo The Guardian, assinalou que durante o período de implementação serão as regras actuais que vão ser aplicadas. Embora tenha admitido que os detalhes terão de ser negociados.


"O Reino Unido vai cumprir com os compromissos que assumiu"


Um dos temas que tem feito correr muita tinta, nomeadamente na imprensa mundial, é a factura que Londres vai pagar com a saída do bloco económico. Nos últimos dias, o Financial Times noticiava que Downing Street estava a preparar 20 mil milhões de euros, um valor muito abaixo do que já foi referido como sendo exigido pela Alemanha e França.

May não falou em valores, disse apenas que o Reino Unido vai honrar os seus compromissos orçamentais. "Não quero que os nossos parceiros temam ter de pagar mais e receber menos durante o período que falta do actual plano orçamental, em resultado da nossa decisão de sair", sustentou. "O Reino Unido vai honrar os compromissos que assumimos durante o período em que fomos membros", rematou, citada pela Reuters.


Mas apesar do Brexit, Londres não quer que esse seja o fim do relacionamento entre o Reino Unido e a UE. May defendeu que Londres "vai querer continuar a trabalhar em conjunto de forma a promover o desenvolvimento económico de longo prazo do continente". Algo que inclui que Londres continue a participar em programas em áreas como a ciência, educação e cultura "e naqueles que promovam a nossa segurança mútua".

No tema da defesa e segurança, May foi clara, garantindo que o compromisso britânico com a defesa e os valores comuns está "intacto". "A nossa determinação em defender a estabilidade, segurança e prosperidade dos nossos vizinhos e amigos europeus continua firme".


Outro tema que tem captado muita atenção são os direitos dos cidadãos da UE no Reino Unido e os dos britânicos que vivem o bloco europeu. "Com o tempo … os direitos dos cidadãos da UE no Reino Unido e os direitos dos cidadãos britânicos no estrangeiro vão divergir. Quero incorporar totalmente no nosso acordo na lei britânica e garantir que os tribunais britânicos possam referir-se a isso. E quando houver incerteza em torno da lei da UE, quero que os tribunais do Reino Unido sejam capazes de tomar em conta as decisões do Tribunal Europeu de Justiça de forma a assegurar uma interpretação consistente. Nesta base, espero que as nossas equipas possam alcançar rapidamente um acordo firme", referiu, citada pela agência noticiosa.

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