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May apela ao "sentido de responsabilidade" dos 27 para avançar com negociações do Brexit
A primeira-ministra britânica vai apelar na sexta-feira em Florença ao "sentido de responsabilidade" dos líderes europeus para avançar nas negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia e encontrar um acordo satisfatório para ambas as partes.
"Se pudermos fazer isso, então, quando este capítulo da nossa história europeia estiver escrito, será lembrado não pelas diferenças que enfrentámos, mas pela visão que mostrámos; não pelos desafios que perdemos, mas pela criatividade que usámos para superá-los; não por um relacionamento que acabou, mas uma nova parceria que começou", vai referir Theresa May, segundo excertos revelados pelo seu gabinete.
Theresa May pretende usar o discurso em Florença para desenvolver a visão que apresentou num outro discurso que realizou em Londres em Janeiro, quando revelou parte dos planos para uma "nova parceria estratégica" com a União Europeia. Nessa altura, a chefe do Governo revelou que o Reino Unido pretendia ficar de fora do mercado único europeu após a saída da União Europeia.
Neste discurso, espera-se que sejam conhecidos mais detalhes sobre o que Londres quer ao nível de relações económicas e de segurança e a proposta de um "período limitado de implementação" do 'Brexit', que facilite a transição às empresas e cidadãos.
Na passada terça-feira foi avançado pelo Financial Times que Theresa May planeia apresentar uma proposta para colmatar o buraco orçamental da União Europeia num cenário pós-Brexit, que é de pelo menos 20 mil milhões de euros.
O principal conselheiro de May para a União Europeia, Olly Robbins, contactou os seus contrapartes de vários Estados-membros garantindo que o discurso da primeira-ministra britânica em Florença incluirá esta oferta financeira.
Vários responsáveis britânicos indicaram que o Reino Unido irá certificar-se de que a sua saída não obrigará qualquer Estado-membro da UE a ter de contribuir com mais dinheiro para o orçamento europeu ou a receber menos fundos comunitários até 2020.
A poucos dias da quarta ronda de negociações com a UE para o Brexit, que começa na segunda-feira, a chefe de Governo quer passar a mensagem junto dos líderes europeus que um acordo final satisfatório é do interesse de ambas as partes.
"Enquanto a saída do Reino Unido da UE é inevitavelmente um processo difícil, é do nosso interesse que as negociações tenham sucesso. Por isso acredito que partilhamos um profundo sentido de responsabilidade para fazer com que essa mudança aconteça de forma sensata e sem problemas, não apenas para as pessoas de hoje, mas para a próxima geração que vai herdar o mundo que vamos deixar", diz May.
Segundo May, o seu ministro encarregado pelo 'Brexit', David Davis, pediu a Bruxelas maior imaginação e criatividade na busca de soluções sobre as relações entre o Reino Unido e os restantes 27 membros após 29 de Março de 2019.
A chefe do Governo britânico não tem dúvidas de que "o futuro da Grã-Bretanha é promissor", pois o país continua a ter "um sistema jurídico respeitado em todo o mundo; uma forte abertura ao investimento estrangeiro; entusiasmo pela inovação; uma facilidade de fazer negócios; algumas das melhores universidades e cientistas; um talento nacional excepcional para a criatividade e um espírito indomável".