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“Li todos os documentos produzidos pelo Reino Unido e não são satisfatórios”

As negociações para a saída do Reino Unido da UE podem não estar a correr da melhor maneira. O presidente Comissão Europeia já adiantou esta manhã que os documentos produzidos por Londres com as suas posições “não são satisfatórios”.

Reuters
29 de Agosto de 2017 às 10:50
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Um dia depois do arranque de uma nova ronda de negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), já há sinais de que as conversações não estarão a correr da melhor maneira.

Esta terça-feira, 29 de Agosto, o presidente da Comissão Europeu esteve presente numa conferência em Bruxelas e criticou os documentos que Londres preparou e onde constam as posições britânicas. "Li todos os documentos produzidos pelo governo de Sua Majestade, com as suas posições, e num deles é satisfatório", afirmou Jean-Claude Juncker, citado pela Bloomberg.

O líder europeu referia-se aos 11 documentos que o Reino Unido publicou recentemente e onde estão expressas as suas posições em relação a vários temas, como a protecção de dados, regimes aduaneiros e segurança nuclear. Londres, escreve a agência, queria persuadir o bloco económico a tratar do relacionamento futuro entre o Reino Unido e a União Europeia.

Mas estes documentos não estarão a produzir o efeito pretendido. Antes de Juncker, outros diplomatas europeus tinham já criticado as posições britânicas, apontando que eram irrealistas.

"Há ainda uma elevada quantidade de questões que continuam por resolver", acrescentou o presidente da Comissão Europeia.

Outro sintoma que pode indicar que estes encontros não estão a decorrer num clima positivo, foram as palavras do responsável máximo da UE nas negociações. "Para ser honesto, estou preocupado. O tempo passa rápido", afirmou Michel Barnier, citado pela Reuters, em comentários feitos à imprensa ao lado de David Davis, líder britânico dos negociadores.

A 23 de Junho do ano passado, os britânicos, em referendo, escolheram deixar o bloco económico europeu. Formalmente, o pedido para o Reino Unido deixar a União Europeia foi feito em Março deste ano, o que significa que a partir do final de Março de 2019, Londres vai estar fora do bloco económico. As negociações para o Brexit devem durar dois anos, sendo que Londres quer um período de transição para o pós-2019.

Há muitas questões em cima da mesa nas negociações, como os direitos dos cidadãos europeus a residir em solo britânico, e dos cidadãos britânicos a residir na UE, a factura que Londres vai ter de pagar pelo "divórcio", cujo valor ainda não é conhecido (foi avançado na imprensa uma factura na casa dos 100 mil milhões de euros, mas os britânicos aparentemente não estão disponíveis a passar um cheque tão alto). Londres quer começar a debater o relacionamento comercial entre os britânicos e o bloco europeu após o Brexit. Mas a União Europeia só aceita abordar esse tema após outros estarem solucionados.

"Temos de começar a negociar a sério. Quanto mais cedo retirarmos a ambiguidade, mais rápido vamos estar numa posição de discutir a relação futura e o período de transição", disse ainda Barnier, citado pela Reuters.

"A UE a 27 e o Parlamento Europeu estão unidos. Não vão aceitar que as questões da separação não sejam abordadas apropriadamente. Estou preparado para intensificar as negociações durante as próximas semanas para que avancemos", acrescentou, citado pela agência.

Por sua vez, David Davis disse ontem que o governo britânico "publicou um elevado número de documentos que abrangem assuntos importantes relacionados com a saída e a nossa visão de uma parceria especial e profunda". "Queremos fechar os pontos nos quais concordamos", resolver "áreas onde não concordamos e progredir numa série de questões", acrescentou Davis, citado pela Reuters. O responsável britânico considera que para isso é necessário "flexibilidade e imaginação de ambos os lados".

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