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Santos Silva pede que se dê tempo ao Reino Unido para clarificar o Brexit
O ministro português dos Negócios Estrangeiros diz que, como "parceiros e amigos" os europeus devem dar tempo ao Reino Unido para definir o seu plano para o Brexit. Mas o governo tem de "acelerar o ritmo" para evitar uma saída desordenada.
Augusto Santos Silva, ministro português dos Negócios Estrangeiros, defendeu esta terça-feira, 29 de Agosto, que o Reino Unido deve chegar a uma estratégia unificada para deixar a União Europeia. Os parceiros europeus devem, por isso, dar tempo ao governo para definir a sua posição, que deve ser negociada "seriamente".
As palavras do responsável português surgem um dia depois do início de uma nova ronda de negociações, que já motivou declarações de desagrado por parte de Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e de Michel Barnier, negociador europeu do Brexit.
"Li todos os documentos produzidos pelo governo de Sua Majestade, com as suas posições, e num deles é satisfatório", afirmou Juncker, em Bruxelas.
Já Michel Barnier mostrou-se desagradado com a ambiguidade da posição do Reino Unido, pedindo um esclarecimento para que os dois lados possam começar a "negociar seriamente". Essa posição foi apoiada pelo ministro Augusto Santos Silva, que sublinhou que o governo do Reino Unido ainda não decidiu o que pretende.
"Até onde sabemos, o governo britânico ainda não chegou a uma posição comum", disse Santos Silva numa entrevista à Bloomberg. "Mas se estamos a lidar com isto como amigos e parceiros, o que devemos fazer, nós, europeus, é aguardar um esclarecimento da cena política britânica. Temos que dar algum tempo ao governo para chegar a uma posição que a sua equipa de negociação possa assumir claramente".
O ministro português sublinhou ainda que o Executivo de May não tem muito tempo para negociar a sua estratégia, arriscando uma saída desordenada da União Europeia, conhecida como "hard" Brexit.
"O tempo é uma grande restrição aqui, porque só resta menos de um ano e meio", disse Santos Silva. "Se chegarmos a um acordo, os nossos parlamentos nacionais devem discutir isso. Portanto, temos que contar com pelo menos um semestre para a ratificação processual na UE a 27. O tempo é uma grande, grande restrição, e temos de acelerar o ritmo".