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Londres disponível para "intensificar" negociações do Brexit

Dando ouvidos às críticas europeias pela indefinição, May admite acelerar discussões, mas insiste em abordar já as questões comerciais. A 6 de Setembro é publicada a posição britânica nas áreas da ciência e investigação.

Reuters
04 de Setembro de 2017 às 15:11
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O governo britânico expressou esta segunda-feira, 4 de Setembro, que está "pronto para intensificar as negociações" em torno do Brexit, fazendo evoluir o debate das questões do "divórcio" para o relacionamento futuro entre o Reino Unido e o bloco europeu. "Normalmente, nas negociações o ritmo melhora à medida que o tempo passa", apontou uma porta-voz da primeira-ministra, Theresa May.

 

Estas declarações provenientes de Londres, citadas pela Reuters, surgem na sequência da terceira ronda de negociações entre Bruxelas e Londres, que terminou com o responsável máximo da União Europeia neste dossiê, Michel Barnier, a desabafar que não foram obtidos "progressos decisivos em qualquer dos temas principais". Isto depois de já ter censurado a postura dos interlocutores, frisando que para a UE ser flexível "primeiro tem de perceber o que querem os britânicos".

 

O próprio presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, criticou os 11 documentos que Londres preparou e onde constam as orientações britânicas em relação a vários temas, como a protecção de dados, regimes aduaneiros ou segurança nuclear. "Li todos os documentos produzidos pelo governo de Sua Majestade e nenhum deles é satisfatório", afirmou o líder europeu. Esta quarta-feira, 6 de Setembro, serão publicadas as posições do Reino Unido sobre a colaboração futura com a UE nos domínios da ciência e da investigação, detalhou Downing Street.

 

Em cima da mesa das negociações estão inúmeras questões, como os direitos dos cidadãos europeus a residir em solo britânico e dos cidadãos britânicos a residir na UE, sendo um dos temas fracturantes o do valor da factura do Brexit. Em Maio, o Financial Times avançava que o "divórcio" ia custar a Londres 100 mil milhões de euros, mas as negociações em torno dessa compensação financeira praticamente ainda não começaram, apesar de o tema ter estado na agenda das três rondas que já tiveram lugar – o calendário prevê uma por mês, com a duração de uma semana.

 

O Reino Unido, cujo executivo é liderado pelo Partido Conservador, quer começar de imediato a debater o relacionamento comercial entre os britânicos e o bloco europeu no pós-Brexit, argumentando novamente que as questões do "divórcio" estão "inextricavelmente ligadas" a um futuro acordo comercial. Porém, a UE só está interessada em abordar esse tema, envolvendo o acesso ao mercado único, depois de os outros, como a questão da chamada "factura de saída", estarem solucionados.

 

Foi num referendo realizado a 23 de Junho do ano passado que os britânicos votaram para deixar a UE. Formalmente, o pedido para deixar a família comunitária foi feito apenas em Março deste ano, o que significa que Londres vai estar fora do bloco económico a partir do final de Março de 2019. As negociações para o Brexit devem durar dois anos, sendo que Londres insiste na exigência de um período de transição para o pós-2019.

 

Na semana pasada, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, lembrou que o governo de May não tem muito tempo para negociar a sua estratégia, arriscando uma saída desordenada, conhecida como "hard" Brexit. "O tempo é uma grande restrição aqui, porque só resta menos de um ano e meio. (…) Se chegarmos a um acordo, os nossos parlamentos nacionais devem discutir isso. Portanto, temos que contar com, pelo menos, um semestre para a ratificação processual na UE a 27. O tempo é uma grande, grande restrição, e temos de acelerar o ritmo", resumiu o chefe da diplomacia portuguesa.

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