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Schulz cede à pressão do SPD e desiste de chefiar os Negócios Estrangeiros

O ainda líder do SPD terá cedido à pressão interna e já não vai assumir a pasta dos Negócios Estrangeiros como revelou pretender. O actual chefe da diplomacia germânica, Sigmar Gabriel, garante que Schulz lhe havia prometido o lugar.

Reuters
David Santiago dsantiago@negocios.pt 09 de Fevereiro de 2018 às 14:00

Volte-face na Alemanha, já que Martin Schulz renunciou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão. Segundo revela a imprensa alemã esta sexta-feira, 9 de Fevereiro, o ainda líder do SPD terá cedido à pressão interna exercida pelos sociais-democratas.

O DW cita uma declaração em que Schulz diz que "renuncio a integrar o [próximo] governo federal" e em que acrescenta que, "em simultâneo, espero sinceramente que isto possa pôr fim aos debates sobre pessoas no seio do SPD". Esta declaração do antigo presidente do Parlamento Europeu confirma que em causa estão as críticas internas à intenção publicamente anunciada por Schulz de deixar a liderança do partido para suceder ao seu colega de partido, Sigmar Gabriel, na chefia da diplomacia germânica. 

Com esta renúncia, Martin Schulz disse privilegiar assegurar a viabilidade do acordo de governo alcançado esta semana com o bloco conservador (CDU/CSU) liderado pela chanceler Angela Merkel para repetir a grande coligação ("GroKo"). Tendo em conta a crescente pressão interna contra a intenção de Schulz assumir os Negócios Estrangeiros, com o objectivo revelado pelo próprio de reformar a Europa, o líder dos sociais-democratas preferiu abdicar até como forma de não agravar as já importantes divisões existentes no partido. 

Isto porque terá ainda de ser realizado um referendo interno por voto postal - os resultados são anunciados em 4 de Março - em que participam os mais de 460 mil militantes do SPD. Se na convenção especial social-democrata que deu luz verde para que Schulz iniciasse negociações formais com vista à renovação da grande coligação o partido ficou praticamente dividido a meio entre quem apoiou esta solução e quem a rejeitou, nas últimas semanas a ala mais jovem do partido (Jusos) intensificou as acções para travar a reedição da "GroKo". 

Este movimento promoveu a captação de novos militantes que estejam contra a formação da "GroKo", o que fez elevar de forma inédita o número de membros dos sociais-democratas. É também este dado que mantém em dúvida a possibilidade de o acordo de princípio firmado entre Merkel e Schulz poder ser chumbado pelas bases do partido, já que se acredita que boa parte dos novos membros possam ser contrários à solução governativa com que Merkel liderou os destinos do país em oito dos 12 anos passados na chancelaria.  

Entre as principais críticas dirigidas à vontade anunciada de Schulz tutelar a diplomacia germânica surgiu a do político que tutela a pasta. Em entrevista publicada esta sexta-feira, Sigmar Gabriel lamentou a forma "desrespeitosa" como foi tratado pelo partido, que não soube reconhecer os serviços por si prestados ao partido, acusando mesmo Schulz de ter faltado à palavra uma vez que lhe havia garantido que iria permanecer nos Negócios Estrangeiros. 

Além da diplomacia, que já estava na posse do SPD, os sociais-democratas terão também assegurado o determinante Ministério das Finanças, com as notícias a apontarem para o nome de  Olaf Scholz, actual presidente da câmara de Hamburgo, como sucessor de Wolfgang Schäuble e do interino Peter Altmaier. 

Ao abdicar da pasta ministerial, Martin Schulz poderá permanecer na liderança do SPD, embora se desconheçam nesta altura as pretensões do antigo livreiro que, nas eleições federais de Setembro passado, levou o partido ao pior resultado eleitoral desde a Segunda Guerra, com pouco mais de 20%.

(Notícia actualizada às 14:37)

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