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Há acordo de governo na Alemanha: SPD fica com as Finanças

Angela Merkel chegou a acordo de coligação com o SPD na Alemanha. O social-democrata Martin Schulz vai liderar a diplomacia alemã e o influente Ministério das Finanças fica nas mãos de Olaf Scholz, autarca de Hamburgo.

EPA

Há fumo branco nas negociações alemãs: Angela Merkel e Martin Schulz chegaram a acordo para governar. Segundo os media germânicos, os sociais-democratas conseguiram ficar com algumas pastas importantes. É o caso das Finanças, que era uma das principais exigências, mas também os Negócios Estrangeiros ou o Trabalho. Um sinal positivo para os esforços de reforma da Zona Euro.

 

As eleições alemãs já foram há mais de quatro meses e a vencedora, Angela Merkel, tinha tido até agora dificuldade em encontrar um parceiro com o qual pudesse governar. O acordo de princípio firmado agora com o SPD terá ainda de ser aprovado pela base do partido. A conquista de importantes Ministérios será um trunfo importante para a coligação ser aprovada pelos sociais-democratas.

 

Os jornais alemães escrevem que, após ter recusado conceder o Ministério das Finanças aos liberais do FDP durante as conversações falhadas para a chamada "coligação Jamaica", Merkel aceitou cedê-la ao SPD, que obteve apenas 20,5% dos votos na votação de Setembro. O partido deverá ficar ainda com as pastas da diplomacia – que o próprio Schulz deverá assumir, cedendo a chefia do partido à actual líder parlamentar, Andrea Nahles –, da Justiça, Família, Ambiente e com a tutela conjunta do Trabalho e dos Assuntos Sociais.

A agência de notícias DPA refere que o novo ministro das Finanças será Olaf Scholz, 59 anos, presidente da Câmara de Hamburgo desde Março de 2011. A Reuters, que cita esta informação, sublinha que o social-democrata tende a favorecer os gastos públicos em detrimento de uma política mais austera, o que "sugere que haverá uma mudança em relação às restritas políticas orçamentais" protagonizadas pelo antigo ministro Wolfgang Schäuble.

Depois de 12 dias de intensas negociações formais, a CDU acabou por ficar com a Chancelaria e com as pastas da Defesa e da Economia (estas já estão a ser dadas como certas) na sequência da vitória nas eleições com cerca de 33%. Por outro lado, os aliados conservadores da Baviera (CSU), defensores do controlo da imigração e da entrada de refugiados no país, vão tomar conta do Ministério do Interior.

 

Num documento de 167 páginas e 14 capítulos que será a base da governação da maior economia europeia nos próximos quatro anos, um dos capítulos prioritários é o reforço da União Europeia. Algo que era exigido por Martin Schulz, que presidiu nos últimos anos ao Parlamento Europeu e que tinha na criação de uma espécie de Estados Unidos da Europa uma das principais bandeiras. O influente chefe de gabinete de Jean Claude Juncker, de origem alemã, já saudou essas várias referências ao bloco europeu, numa publicação feita nas redes sociais.

 


Foi com esta solução de governo, apelidada na Alemanha de "GroKo", que Merkel governou em dois dos três mandatos como chanceler. No entanto, apesar de uma convenção extraordinária do SPD, a 21 de Janeiro, ter dado luz verde à direcção do partido para prosseguir para conversações formais com o bloco conservador, apenas 56,4% dos militantes votaram a favor dessa via, mostrando uma enorme divisão interna.

 

E para reeditar uma terceira grande coligação no país, este acordo ainda terá de ser novamente votado pelos perto de 463 mil filiados no partido de Schulz, que nas eleições federais de Setembro obteve o pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial e teme continuar a perder eleitorado com estes acordos com a direita. A ala jovem tem-se mobilizado para rejeitar uma nova "Groko" e, segundo o El Pais, é responsável por grande parte dos quase 24 mil novos inscritos no partido desde o início de 2018.

 

Essa votação das bases do SPD é vinculativa e, caso chumbe o acordo, Merkel poderá ser tentada a tentar retomar as negociações para a inédita aliança Jamaica (CDU/CSU-Verdes-FDP), embora esse seja um cenário improvável depois do fracasso provocado pela inflexibilidade demonstrada pelos liberais do FDP.

Sondagem: novas eleições não garantem maioria à coligação

 

Ainda assim, o cenário mais provável passaria pela realização de eleições antecipadas, com os politólogos a defenderam que, neste caso, o eleitorado alemão tenderá a penalizar o(s) partido(s) considerados responsáveis pelo(s) fracasso(s) nas negociações para a formação de um governo com apoio maioritário no Bundestag.


De acordo com uma sondagem da Insa, publicada esta segunda-feira, 5 de Fevereiro, no caso de haver novas eleições neste momento a grande coligação poderia não obter a maioria dos votos. É que o SPD caiu para 17% desde a ida às urnas em Setembro e também a CDU baixou nas intenções de voto para 30,5%.

A líder do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que no último acto eleitoral garantiu entrada no Bundestag pela primeira vez no pós-Guerra, já contestou o acordo de coligação alcançado pelo bloco central. Numa publicação no Facebook, Alice Weidel contesta sobretudo as "posições vazias" na questão da imigração por não ter sido definido um "limite máximo" para as entradas no país e promete que a AfD vai "assumir as suas responsabilidades enquanto maior partido da oposição".

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