Depois de afirmar que um acordo entre o PS, BE e PCP seria "negativo para todos", o primeiro-ministro espanhol voltou a referir-se à actualidade política portuguesa para avisar que um Governo do PS apoiado pela esquerda parlamentar será um "retrocesso" para o país. Esta segunda-feira, 26 de Outubro, Mariano Rajoy sustentou que um eventual acordo que garante uma governação do PS apoiada pelo BE e pelo PCP "representará um retrocesso face aos avanços conseguidos nos últimos anos".

Depois de concluído o Conselho de Ministros que serviu também para oficializar a data das eleições gerais espanholas, que decorrerão a 20 de Dezembro, Mariano Rajoy falou também dos cenários que se apresentam para o futuro de Espanha, que de alguma forma se poderão assemelhar à situação portuguesa.

"Sou defensor de que deve governar o [partido] mais votado e não gosto de alguns precedentes que ocorreram nas autarquias de Madrid, Saragoça ou Valência", disse Rajoy citado pelo Cinco Días numa alusão aos acordos de coligação pós-eleitoral alcançados e que, por exemplo em Madrid, deram o poder a uma candidatura apoiada pelo Podemos.  

Numa altura em que parece um dado adquirido o cenário de maior atomização parlamentar, com as subidas do Podemos e do Cidadãos, ganha força a possibilidade de coligações pós-eleitorais. O PSOE, que surge atrás do PP nas sondagens, poderá mesmo aliar-se à sua esquerda, à direita, ou a ambas em simultâneo, para governar. Já o PP apenas poderá coligar-se com o Cidadãos. Mariano Rajoy já havia dito esperar que "não se passe em Espanha" algo de parecido ao que está a acontecer em Portugal e poderá culminar com um Governo protagonizado pelo partido que não venceu as eleições. Mas Albert Rivera, líder do Cidadãos, garante que só governaria com os conservadores se Rajoy se demitisse.

"Governaremos como decidirem os cidadãos, é esta a minha oferta", limitou-se a declarar Mariano Rajoy citado pelo El País.

No programa eleitoral que assenta em três vectores essenciais – "emprego, crescimento e confiança" – os conservadores não vão incluir nada relacionada com uma eventual reforma constitucional que permita enquadrar algumas das exigências das autoridades catalãs, governadas actualmente por uma coligação independentista. E criticou o líder socialista, Pedro Sánchez, que defende a alteração da Constituição, dizendo que desconhece outra proposta do PSOE que não esta.