Notícia
Primeiro-ministro da Islândia já apresentou pedido de demissão
Pressionado pelo escândalo Papéis do Panamá, o primeiro-ministro islandês já apresentou um pedido de demissão ao Presidente do país, que terá agora de decidir se aceita ou não.
O ainda primeiro-ministro islandês, Sigmundur Gunnlaugsson, já apresentou, esta terça-feira, 5 de Abril, um pedido de demissão ao Presidente do país, Olafur Ragnar Grimsson, que terá agora de decidir se aceita ou não a saída do governante. Confirma-se assim que Sigmundur Gunnlaugsson é mesmo a primeira vítima política da fuga de informação relacionada com os esquemas de fuga ao fisco denunciados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Ao início da tarde desta terça-feira, o Presidente islandês revelou ter recebido do primeiro-ministro um pedido de dissolução parlamentar, com Grimsson a adiantar ainda ter pedido a Gunnlaugsson tempo para consultar os restantes partidos com assento no Parlamento islandês. No entanto, Sigmundur Gunnlaugsson, que ainda esta segunda-feira assegurava não ter qualquer intenção de se demitir, parece não ter aguentado a pressão decorrente da crise política desencadeada pela relação entre o seu nome e a detenção de investimentos via sociedades "offshore".
De acordo com o britânico Guardian, foi o ministro islandês da Agricultura e Pescas, Sigurður Ingi Jóhannsson, a revelar à estação televisiva RUV que Sigmundur Gunnlaugsson apresentara a sua demissão ao presidente. Olafur Ragnar Grimsson e o partido minoritário da coligação governativa liderada pelo Partido do Progresso (o Partido da Independência) terão ainda de aceitar o pedido de demissão para que o mesmo possa tornar-se oficial.
O Guardian e a agência Reuters notam ainda que o ministro Jóhannsson poderá assumir a chefia do Executivo islandês caso a demissão do ainda primeiro-ministro se confirme. Durante a tarde desta terça-feira, o presidente Grimsson já esteve reunido com o líder do Partido da Independência, o também ministro das Finanças, Bjarni Benediktsson.
A primeira vítima dos Papéis do Panamá
A contestação ao primeiro-ministro islandês surgiu ainda no domingo depois de a revelação dos Papéis do Panamá ter implicado Gunnlaugsson com a propriedade de uma sociedade "offshore". Logo na segunda-feira juntaram-se milhares de pessoas frente ao Parlamento para exigir a demissão do chefe do Governo. No mesmo dia, os partidos da oposição apresentaram uma moção de censura ao Executivo.
Esta polémica surge num momento especialmente delicado, tendo em conta que o Governo liderado por Sigmundur Gunnlaugsson está a negociar o levantamento do controlo de capitais imposto aos bancos islandeses e que, depois de concluído, permitirá a estas instituições enviar dinheiro para o estrangeiro em contrapartida de pagamentos do Estado.
O problema adensa-se porque a mulher do primeiro-ministro, Anna Sigurlaug Pálsdóttir, filha de um milionário islandês ligado ao ramo automóvel, é proprietária de uma empresa - Wintris Inc - que é credora do Arion Bank e do Landsbanki, dois bancos que foram nacionalizados na sequência da crise financeira internacional que rebentou em 2008. E a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) aos mais de 11 milhões de documentos da empresa de advogados Mossack Fonseca, sediada no Panamá, conclui que o primeiro-ministro demissionário foi co-proprietário (com 50%) da Wintris, que tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
Esta Wintris deverá ter sido adquirida por Gunnlaugsson e pela sua mulher à Mossack Fonseca para que a avultada herança de Anna Sigurlaug Pálsdóttir pudesse escapar a uma pesada carga fiscal. A aquisição terá sido feita em partes iguais quando o casal morava no Reino Unido. O agora primeiro-ministro venderia depois, em 2009, a sua posição à sua mulher por um dólar, mas quando, em 2013, assumiu a chefia do Governo não comunicou a existência da Wintris.
Oposição reclama "conflito de interesses" do primeiro-ministro
Antes de chegar à liderança do Executivo, Gunnlaugsson tinha um discurso fortemente crítico relativamente à forma como funcionava o sistema financeiro antes da crise. Há três anos acabou por ser nomeado primeiro-ministro após umas eleições em que o seu partido de centro-direita - Partido do Progresso - elegeu o mesmo número de deputados do outro partido desta área política, o Partido da Independência que, por sua vez, conseguira mais votos que a força de Gunnlaugsson.
Já Bjarni Benediktsso, líder do Partido do Progresso, surge também referido nos documentos divulgados no âmbito dos Papéis do Panamá, sendo detentor de um terço da companhia com sede nas Seychelles, a Falson & Co.
A oposição a Gunnlaugsson sustenta haver um conflito de interesses, dizendo que o primeiro-ministro não deveria ter ocultado a existência daqueles activos. Numa entrevista feita pela estação de televisão islandesa SVT, o primeiro-ministro foi confrontado com a existência desta empresa, ficando patente o desconforto com as perguntas no que levaria ao fim precipitado da conversa com os jornalistas.
Primeiro-ministro islandês sai de entrevista quando confrontado com empresa em 'offshore'
(Notícia actualizada às 18:20)
Ao início da tarde desta terça-feira, o Presidente islandês revelou ter recebido do primeiro-ministro um pedido de dissolução parlamentar, com Grimsson a adiantar ainda ter pedido a Gunnlaugsson tempo para consultar os restantes partidos com assento no Parlamento islandês. No entanto, Sigmundur Gunnlaugsson, que ainda esta segunda-feira assegurava não ter qualquer intenção de se demitir, parece não ter aguentado a pressão decorrente da crise política desencadeada pela relação entre o seu nome e a detenção de investimentos via sociedades "offshore".
O Guardian e a agência Reuters notam ainda que o ministro Jóhannsson poderá assumir a chefia do Executivo islandês caso a demissão do ainda primeiro-ministro se confirme. Durante a tarde desta terça-feira, o presidente Grimsson já esteve reunido com o líder do Partido da Independência, o também ministro das Finanças, Bjarni Benediktsson.
A primeira vítima dos Papéis do Panamá
A contestação ao primeiro-ministro islandês surgiu ainda no domingo depois de a revelação dos Papéis do Panamá ter implicado Gunnlaugsson com a propriedade de uma sociedade "offshore". Logo na segunda-feira juntaram-se milhares de pessoas frente ao Parlamento para exigir a demissão do chefe do Governo. No mesmo dia, os partidos da oposição apresentaram uma moção de censura ao Executivo.
Esta polémica surge num momento especialmente delicado, tendo em conta que o Governo liderado por Sigmundur Gunnlaugsson está a negociar o levantamento do controlo de capitais imposto aos bancos islandeses e que, depois de concluído, permitirá a estas instituições enviar dinheiro para o estrangeiro em contrapartida de pagamentos do Estado.
O problema adensa-se porque a mulher do primeiro-ministro, Anna Sigurlaug Pálsdóttir, filha de um milionário islandês ligado ao ramo automóvel, é proprietária de uma empresa - Wintris Inc - que é credora do Arion Bank e do Landsbanki, dois bancos que foram nacionalizados na sequência da crise financeira internacional que rebentou em 2008. E a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) aos mais de 11 milhões de documentos da empresa de advogados Mossack Fonseca, sediada no Panamá, conclui que o primeiro-ministro demissionário foi co-proprietário (com 50%) da Wintris, que tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
Esta Wintris deverá ter sido adquirida por Gunnlaugsson e pela sua mulher à Mossack Fonseca para que a avultada herança de Anna Sigurlaug Pálsdóttir pudesse escapar a uma pesada carga fiscal. A aquisição terá sido feita em partes iguais quando o casal morava no Reino Unido. O agora primeiro-ministro venderia depois, em 2009, a sua posição à sua mulher por um dólar, mas quando, em 2013, assumiu a chefia do Governo não comunicou a existência da Wintris.
Oposição reclama "conflito de interesses" do primeiro-ministro
Antes de chegar à liderança do Executivo, Gunnlaugsson tinha um discurso fortemente crítico relativamente à forma como funcionava o sistema financeiro antes da crise. Há três anos acabou por ser nomeado primeiro-ministro após umas eleições em que o seu partido de centro-direita - Partido do Progresso - elegeu o mesmo número de deputados do outro partido desta área política, o Partido da Independência que, por sua vez, conseguira mais votos que a força de Gunnlaugsson.
Já Bjarni Benediktsso, líder do Partido do Progresso, surge também referido nos documentos divulgados no âmbito dos Papéis do Panamá, sendo detentor de um terço da companhia com sede nas Seychelles, a Falson & Co.
A oposição a Gunnlaugsson sustenta haver um conflito de interesses, dizendo que o primeiro-ministro não deveria ter ocultado a existência daqueles activos. Numa entrevista feita pela estação de televisão islandesa SVT, o primeiro-ministro foi confrontado com a existência desta empresa, ficando patente o desconforto com as perguntas no que levaria ao fim precipitado da conversa com os jornalistas.
A carregar o vídeo ...
(Notícia actualizada às 18:20)