Entre cinco mil e seis mil manifestantes, segundo dados da polícia, concentraram-se a partir das 14:00 (15:00 em Lisboa) na praça Austurvöllur, frente ao parlamento, local onde estiveram pelo menos oito mil na segunda-feira, um número significativo para um país com 320 mil habitantes.

Esta mobilização histórica levou à demissão do primeiro-ministro, Sigmundur David Gunnlaugsson, que, segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), possuía uma sociedade nas Ilhas Virgens britânicas, sem a declarar no âmbito da sua eleição em abril de 2009.

O seu ministro da Agricultura, Sigurdur Ingi Johannsson, ascendeu ao cargo de primeiro-ministro, mas não goza de popularidade e sobretudo manteve em funções os ministros das Finanças, Bjarni Benediktsson, e da Administração Interna, Olöf Nordal, ambos citados nos "Papéis do Panamá".

"Bjarni, Olöf, deixem o parlamento agora, violaram a ética", é uma das mensagens que podem ler-se nos cartazes apresentados pelos manifestantes que, como em outras ocasiões, fizeram barulho utilizando vários objectos.

Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, que reuniu para este trabalho 370 jornalistas de mais de 70 países, mais de 214.000 entidades ‘offshore’ estão envolvidas em operações financeiras em mais de 200 países e territórios em todo o mundo.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios.