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Primeiro-ministro da Islândia é a primeira vítima do Panama Papers

Sigmundur Gunnlaugsson pediu a dissolução do Parlamento da Islândia, depois do seu nome surgir na lista do escândalo de fuga ao fisco Panama Papers.

Bloomberg
05 de Abril de 2016 às 14:25
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Sigmundur Gunnlaugsson pediu a dissolução do Parlamento da Islândia, depois de o seu nome surgir na lista do escândalo de fuga ao fisco Panama Papers. É assim a primeira vítima entre os destacados políticos mundiais que figuram entre os nomes envolvidos nos esquemas de fuga ao fisco denunciados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

Sigmundur Gunnlaugsson parece querer antecipar-se à moção de desconfiança que já havia sido apresentada, esta segunda-feira, no Parlamento islandês pelos partidos da oposição e que deveria ter lugar ainda no final desta semana, previsivelmente na quinta-feira. Em paralelo, esta segunda-feira milhares de pessoas reuniram-se à frente do Parlamento pedindo a demissão do primeiro-ministro. Mesmo assim Gunnlaugsson garantiu ontem que não tinha qualquer intenção de apresentar a sua demissão.

O anúncio de que recebera um pedido de dissolução parlamentar feito pelo primeiro-ministro, refere a agência Reuters, foi feito ao início da tarde desta terça-feira, 5 de Abril, pelo próprio presidente islandês,
 Olafur Ragnar Grimsson. No entanto, Grimsson revelou que antes de decidir se aceita, ou não, este pedido do primeiro-ministro lhe solicitou tempo para estabelecer conversações com os principais partidos islandeses. 

O gabinete do primeiro-ministro islandês já esclareceu que esta questão não passa de um erro que se deve ao facto de o casal manter uma conta bancária conjunta, e que "foi sempre claro para ambos que era a mulher do primeiro-ministro a detentora daqueles activos. 

A polémica em torno de Sigmundur Gunnlaugsson estalou no passado domingo, depois de os Panama Papers terem revelado que o primeiro-ministro islandês e a sua mulher, Anna Sigurlaug Pálsdóttir, adquiriram uma empresa, a Wintris Inc, fundada em 2007 e sediada nas Ilhas Virgens britânicas à Mossack Fonseca, a empresa panamiana que está no epicentro do terramoto provocado pela fuga de informação relativa às operações desta. 
AWintris detinha obrigações em três grandes bancos islandeses que colapsaram na crise financeiraespoletada em 2008 na sequência da falência doLehmanBrothers. 

O ainda primeiro-ministro e a sua mulher viviam então no Reino Unido, tendo o casal sido aconselhado a criar uma empresa num paraíso fiscal para melhor beneficiar do dinheiro resultante das vendas de activos herdados por Pálsdóttir. Gunnlaugsson, que deteve 50% da empresa durante um período superior a dois anos, vendeu depois esta posição à sua mulher, no final de 2009, por um dólar, e que foi eleito primeiro-ministro há três anos não comunicou ao Parlamento a existência da Wintris.

A oposição a Gunnlaugsson sustenta haver um conflito de interesses, dizendo que o primeiro-ministro não deveria ter ocultado a existência destes activos. Numa entrevista feita pela estação de televisão islandesa SVT, o primeiro-ministro foi confrontado com a existência desta empresa, ficando patente o desconforto com as perguntas no que levaria ao fim precipitado da conversa com os jornalistas.


Primeiro-ministro islandês sai de entrevista quando confrontado com empresa em "offshore"
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Primeiro-ministro islandês sai de entrevista quando confrontado com empresa em 'offshore'

Gunnlaugsson e a mulher diriam depois que a referida entrevista representava uma intromissão dos media em assuntos privados, sustentando que sempre prestaram toda a informação necessário ao Fisco islandês, acrescentando nunca terem beneficiado financeiramente dessas "offshores".

(Notícia actualizada às 15:11)
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