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Irlanda a caminho de ter Governo após acordo histórico

Os tradicionais adversários do centro-direita irlandês alcançaram um acordo histórico que permitirá ao Fine Gael governar com o apoio parlamentar do Fianna Fáil. Foram dois meses de incerteza política na Irlanda.

29 de Abril de 2016 às 20:53
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O Fine Gael (FG), vencedor das eleições legislativas realizadas a 26 de Fevereiro último, e o Fianna Fáil (FF) chegaram a acordo para a formação de um Governo com suporte parlamentar maioritário. O Executivo será protagonizado pelo Fine Gael - pelo que Enda Kenny continuará como primeiro-ministro irlandês - e contará com o apoio parlamentar do Fianna Fáil. 

O anúncio relativo ao acordo foi feito ao final da tarde desta sexta-feira, 29 de Abril, através de comunicados separados dos dois partidos, mas cujo conteúdo é idêntico, nota o Irish Times. Ambos referem que foi "alcançado um acordo político" que permitirá a formação de um Governo liderado pelo Fine Gael. 

A confirmação foi feita depois de uma reunião de várias horas mantida esta sexta-feira, que se seguiu a cerca de dois meses de difíceis negociações e três tentativas falhadas de formação de Governo. No entanto, este acordo terá ainda de ser ratificado internamente por cada um destes partidos. 

Mas este compromisso assumido pelos dois partidos com maior implantação eleitoral na Irlanda assume particular importância dado que se trata de duas forças políticas que vivem de costas voltadas desde a independência irlandesa formalizada em 1922. Apesar de ambos os partidos serem de centro-direita, vivem de costas voltadas desde a guerra civil e nunca até hoje tinham conseguido alcançar qualquer acordo de cariz governativo. 

Paschal Donohoe, ministro dos Transportes em exercício e membro do Fine Gael, garante que "se e quando" o acordo estiver concluído estaremos perante um momento "histórico". Acordo este que poderá permitir pôr fim ao limbo político em que a Irlanda se encontrava depois de as últimas eleições terem resultado num Parlamento historicamente polarizado e que deixou o país em risco de ter de realizar novas eleições. Um pouco à semelhança do que sucede actualmente em Espanha

O FF, que chegou às legislativas de 2011 na liderança do Governo, tendo depois sido relegado para a terceira posição devido à insatisfação dos eleitores face ao pedido de ajuda externa feito pelo partido que estava há longo anos à frente do Executivo irlandês, ficou em segundo lugar nas últimas legislativas, a pouco mais de um ponto percentual do FG. 

Contudo, apesar da recuperação económica conseguida pela Irlanda nos últimos anos, o partido liderado por Micheal Martin beneficiou do cansaço do eleitorado face às políticas de austeridade prosseguidas pelo Governo de coligação entre o FG e o Partido Trabalhista. Acabaram por ser precisamente os trabalhistas os mais penalizados no último acto eleitoral, relegados para a quarta posição, atrás do partido de extrema-esquerda Sinn Féin. 
 
Mas se as últimas eleições configuraram uma espécie de regresso à normalidade com o retorno dos dois (FG e do FF) principais partidos aos lugares cimeiros do Parlamento irlandês, a inédita polarização do quadro parlamentar do país acabou, ao que tudo indica, por levar os eternos adversários a assinar um acordo até aqui considerado impossível.

(Notícia actualizada às 21:45)
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