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Primeiro-ministro irlandês reconhece derrota da coligação no Governo

O Fine Gael, de Enda Kenny, terá sido o partido mais votado mas ficou bem longe da maioria. Tal como aconteceu em Portugal e Espanha, a Irlanda está num impasse para formar governo depois das eleições. Resultados finais só na segunda-feira.  

Aidan Crawley/Bloomberg
28 de Fevereiro de 2016 às 02:55
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O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, reconheceu a derrota da coligação governamental nas eleições legislativas que se realizaram na sexta-feira.

 

"Claramente o Fine Gael [o partido de centro-direita de Enda Kenny] e o Labour [trabalhistas] não devem ser reconduzidos e temos de esperar os resultados finais para ver quais as opções possíveis", disse o primeiro-ministro irlandês à televisão pública RTE.

 

Enda Kenny afirmou que estes resultados foram "uma decepção para o Fine Gael". Também o ministro da Saúde reconheceu a derrota: "Os eleitores decidiram claramente não reeleger este Governo e deram ao meu partido e ao Labour uma séria derrota", disse Leo Varadkar, do Fine Gael. 


"Não acho que a obrigação de formar um Governo recaia necessariamente em nós", declarou à RTE, sugerindo que os partidos da oposição podem igualmente negociar no sentido de formarem um governo viável. 


De acordo com as sondagens, os dois partidos da coligação deverão alcançar entre 55 e 68 lugares, longe dos 80 necessários para formarem uma maioria. 


Apesar de as eleições terem sido realizadas na sexta-feira, os resultados finais só deverão ser conhecidos na segunda-feira. O Parlamento irlandês é composto por 158 deputados, sendo que a meio desde domingo estavam eleitos apenas 110.  

Destes o Fine Gael, de Enda Kenny, garantiu até agora apenas 34 deputados, só mais dois que o Fianna Fáil. Este partido, que liderava o Governo quando o pais foi alvo de um resgate, melhora substancialmente os resultados face às últimas eleições, prevendo-se que possa duplicar o número de deputados.

O Labour, parceiro do Fine Gail na coligação, é um dos grandes derrotados, seguindo com apenas 4 deputados eleitos. Pelo contrário, o Sinn Féin, com 14 deputados, é um dos vencedores destas eleições, surgindo como a terceita força política mais votada. Nestas eleições ganha ainda destaque o avanço dos pequenos partidos e dos independentes.
 

Impasse
 

Confirmam-se assim os resultados sugeridos pelas sondagens à boca das  urnas e que apontam para um impasse na formação de Governo na Irlanda.

 

Apesar de descartar a continuação do actual Governo, Enda Kenny assinalou que tem o dever e a responsabilidade de fazer tudo o que for necessário para providenciar um governo estável à Irlanda, sendo que primeiro será preciso apurar os resultados finais.   

As eleições na Irlanda acabaram por providenciar um resultado semelhante ao que se verificou em Portugal e Espanha, em que os partidos vencedores não conseguiram os votos suficientes para formar Governo. Na Irlanda, a menos que se concretize uma pouco provável coligação entre o Fine Gael e o Fianna Fáil, cresce a possibilidade de só novas eleições resolverem o impasse.

 
Um cenário que também é bastante provável em Espanha e que em Portugal não se colocou pelo facto de o Presidente da República estar em final de mandato e impedido de convocar eleições.

 

O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny usou, durante a campanha, o exemplo de Portugal para o que não desejava que acontecesse na Irlanda, dizendo que o país estava a pagar um preço "horrendo" pela instabilidade política, a propósito da subida da taxa de juro na dívida pública a 10 anos que ultrapassou os 4% na semana antes da votação do Orçamento do Estado. "Não queremos ser como Portugal", terá declarado.


As legislativas de sexta-feira foram as primeiras eleições gerais na Irlanda desde o fim do programa de ajustamento associado ao resgate de 85 mil milhões de euros, em 2013. 

O país, de 4,6 milhões habitantes, registou a maior taxa de crescimento económico na União Europeia nos primeiros nove meses do ano passado: 7%. 

 

Segundo as últimas previsões da Comissão Europeia, em 2015 a Irlanda terá crescido  6,9% (possivelmente só a China terá feito melhor) e crescerá 4,5% neste ano; o desemprego caiu para níveis pré-crise (9,4%); a dívida pública desceu do pico de 120% para 98% do PIB;  o défice orçamental deverá baixar neste ano para 1,3% e acomodará novas descidas de impostos e um crescimento dos gastos públicos que valem 0,7% do PIB.

 
(notícia actualizada às 14:10 com actualização dos resultados das eleições)

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