Sem conseguir repetir a maioria que lhe assegurou em coligação com os trabalhistas a permanência no Governo nos últimos quatro anos, o Fine Gael – partido de centro-direita do ainda primeiro-ministro Enda Kenny (na foto) – admite que o impasse para a formação do Executivo possa prolongar-se por dois meses.

"Vamos falar com todos, mesmo com o Fianna Fáil", disse o deputado do Fine Gael, Damien English, em entrevista a uma televisão irlandesa, depois de encerrada a contagem oficial dos votos, seis dias depois das eleições.

Citado pela Bloomberg, o representante afirmou ser necessário encontrar uma solução de Governo "duradoura", nem que para isso seja necessário desdizer o que foi garantido em campanha: que não haveria aliança possível com o conservador Fianna Fáil.

Para já, o Fianna Fáil diz que não começaram conversações e que está concentrado primeiro na reunião inaugural do novo Dáil Éireann (parlamento) em que serão votadas as propostas para eleição do primeiro-ministro (taoiseach) e de onde não deverá sair qualquer solução imediata de Governo, pondo em causa a posição do ainda primeiro-ministro.

"Enda Kenny não tem grande futuro como líder do partido. (…) Ele é responsável por uma campanha muito, muito pobre", considerava esta quinta-feira Gary Murphy, um professor de Ciência Política na Universidade de Dublin, à Bloomberg.

Aliás, no limite, a falta de entendimento no Parlamento pode mesmo conduzir à marcação de novas eleições no país.

A ida às urnas em 26 de Fevereiro deixou o Parlamento irlandês fragmentado, dando o maior número de deputados ao Fine Gael (50), muito próximo dos 44 do Fianna Fail e com o Sinn Fein a aumentar para 23 o número de assentos (embora com este partido de exterma-esquerda o Fine Gael já tenha dito que não explorará contactos). Os trabalhistas viram a sua presença cair de 37 para apenas sete mandatos.