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Direita irlandesa tem acordo para governar com primeiro-ministro rotativo

Os históricos rivais da direita irlandesa, Fine Gael e Fianna Fáil, têm um acordo de princípio para um governo de coligação em condições de equidade para os próximos cinco anos, devendo o cargo de primeiro-ministro ser exercido rotativamente. No entanto, estes partidos não têm maioria e terão de assegurar apoios.

Reuters
14 de Abril de 2020 às 20:32
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O parlamento "suspenso" saído das inconclusivas eleições irlandesas de fevereiro levou os históricos partidos do centro-direita irlandês a deixarem para trás a centenária rivalidade e a acordarem a formação de um inédito governo de coligação.

O líder do Fine Gael, e atual primeiro-ministro em funções da Irlanda, Leo Varadkar (na foto), e o líder do Fianna Fáil (força com mais deputados), Micheál Martin, que já foi ministro dos Negócios Estrangeiros, firmaram, esta terça-feira, um acordo de princípio com vista à formação de um governo de coligação, assente no pressuposto de uma "parceria completa e igualitária", para os próximos cinco anos.

Neste período, o cargo de primeiro-ministro deve ser exercido rotativamente, prevê o compromisso publicado nos sites dos partidos, fazendo com que Varadkar e Martin alternem na chefia do executivo.

Todavia, está ainda distante a formação de um governo na sequência das eleições de fevereiro último, as primeiras a porem fim ao chamado "duopólio" da política irlandesa. Não só os dois líderes terão ainda de informar os respetivos partidos das condições acordadas a fim de receberem luz verde para a aliança governativa, como os dois partidos não dispõem de maioria parlamentar, pelo que terão de buscar apoios adicionais.

Para alcançarem a maioria absoluta dos 160 deputados que integram a câmara baixa do parlamento irlandês, Varadkar e Martin precisam somar pelo menos mais nove votos.

Apesar de, em 2016, na sequência de umas eleições gerais que também não produziram nenhuma maioria clara de governo, os dois partidos terem chegado a acordo para viabilizar um executivo minoritário liderado por Leo Varadkar (Fine Gael), as duas forças nunca governaram em simultâneo, tendo alternado, durante décadas, na chefia do executivo.

Seja como for, este acordo baixa as expetativas do Sinn Féin (esquerda nacionalista), que venceu as disputadas eleições gerais em número de votos (primeiras escolhas), embora também muito aquém da maioria absoluta, e que pretendia negociar apoios para se estrear no governo. O Sinn Féin acabou por eleger 37 deputados, menos um do que o Fianna Fáil (já o Fine Gael elegeu 35).

O Sinn Féin, antigo braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês), tentou formar um governo de esquerda com o apoio dos partidos menos votados (Partido Trabalhista, Verdes e Social-Democratas) e dos vários deputados independentes eleitos, contudo o quadro político irlandês continua a marginalizar o partido liderado por Mary Lou McDonald devido à histórica radicalização.

A forte fragmentação parlamentar fez com que ao moroso processo eleitoral se seguisse um também longo período de indefinição política durante o qual nem o Sinn Féin nem os rivais de direita, conseguiram encontrar uma solução capaz de desbloquear o impasse.
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