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Governo turco aponta Estado Islâmico como responsável pelo atentado em Ancara

O primeiro-ministro turco anunciou que as autoridades turcas estão próximas de identificar um dos responsáveis suicidas pelos ataques à bomba deste fim-de-semana na Turquia. Ancara suspeita do Estado Islâmico. Já a oposição responsabiliza o Governo.

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12 de Outubro de 2015 às 12:04
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Ancara acredita que o grupo extremista Estado Islâmico poderá ser o responsável pelo atentado à bomba que, no passado sábado, provocou a morte de pelo menos 128 pessoas que se manifestavam, na capital turca, a favor da paz entre o Governo e os curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

 

Em declarações à televisão turca, o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu começou por dizer que o duplo atentado à bomba "foi definitivamente um ataque suicida". Davutoglu, que sustentou que este ataque tinha também como objectivo influenciar o resultado das eleições antecipadas para 1 de Novembro, revelou ainda que as autoridades turcas estão próximas de descobrir a identidade de pelo menos um dos responsáveis.

 

"Estão a ser conduzidos testes de ADN. Já determinámos como é que os bombistas chegaram lá. Estamos próximos de um nome e que aponta para um grupo", disse Davutoglu que assim voltou a deixar no ar uma suspeita relativamente aos terroristas sunitas do Estado Islâmico. O Governo turco já havia também apontado o partido de extrema-esquerda, Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C), como suspeito, mas as últimas declarações parecem mostrar que Ancara poderá acabar por culpar o EI por este duplo atentado que não foi ainda reivindicado.

 

Pelo contrário, o Partido Democrático do Povo (HDP) acredita que o Governo será responsável pela orquestração deste atentado. O HDP também participava na manifestação de sábado que juntava várias forças de esquerda que defendem o fim das hostilidades recentemente reabertas pelo Governo turco contra o PKK, que Ancara considera ser um grupo terrorista.

 

Segundo a BBC, o partido pró-curdo HDP considera mesmo que a sua delegação foi um alvo claro deste atentado e pondera agora cancelar todas as acções de campanha deste partido que a 7 de Junho conseguiu entrar, pela primeira vez, no parlamento turco e evitar a maioria absoluta do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), força partidária de Davutoglu e do presidente Recep Tayyip Erdogan.

 

Na sequência deste ataque, o PKK decidiu decretar unilateralmente um cessar-fogo dos combates que há largas semanas opõem esta força curda ao exército turco. No entanto, Ancara optou por manter abertas as hostilidades e desde então não cessou os ataques aéreos às posições do PKK no sul da Turquia e norte do Iraque. A "luta indiscriminada contra o terror" adoptada pela Turquia em Julho tem incidido em grande medida em ataques contra as posições curdas que, por sua vez, se têm vindo a afirmar como a força militar que no terreno tem contrariado de forma mais efectiva os avanços dos terrorista do EI.

 

De alguma forma a corroborar a versão apresentada pelo HDP, este domingo foram realizadas manifestações, em Ancara e Istambul, contra a passividade e eventual conivência das autoridades turcas no atentado de sábado. Acusam o Governo e Erdogade instigarem a instabilidade e de fomentarem a insegurança para adquirir ganhos eleitorais no próximo dia 1 de Novembro. Erdogan necessita que o AKP alcance a maioria absoluta nas eleições para assim poder avançar com uma reforma constitucional que legitime a presidencialização do regime.

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