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Turquia lança ataque contra Partido dos Trabalhadores do Curdistão
A Turquia avançou esta quarta-feira, 29 de Julho, com o maior ataque contra o Estado Islâmico e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Ataque surge como resposta aos atentados terroristas em território turco.
A Turquia avançou com um pesado ataque militar contra elementos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que Ancara considera como "terrorista", cinco dias depois do país ter feito o primeiro ataque contra o Estado Islâmico, a 24 de Julho. O ataque a seis alvos militares curdos no norte do Iraque surge horas depois de o presidente Recep Tayyip Erdogan ter dito, segundo a Reuters, que um processo de paz se tinha tornado impossível, colocando assim um ponto final ao frágil processo de paz acordado há alguns meses. Os seis alvos incluem abrigos, depósitos e cavernas, avançou um comunicado do gabinete do primeiro-ministro Ahmet Davutoglu.
O ataque acontece no mesmo dia em que foi assinado um acordo que permite a utilização, por parte da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, das bases militares turcas para atacarem o grupo terrorista sunita Estado Islâmico.
Nos últimos dias foram detidos mais de 1.300 curdos, uma operação que os militares descreveram como uma "batalha de pleno direito contra grupos terroristas". Mais de 800 detidos são acusados de ligações ao PKK e quase 140 alegadamente vinculadas a organizações terroristas relacionadas com o Estado Islâmico, afirmou um porta-voz do governo turco.
O governo de Ancara iniciou os ataques contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão na última sexta-feira, numa reacção que o Governo diz ter sido uma resposta ao atentado que há dias atingiu um carro militar. Da explosão de um carro armadilhado resultou a morte de dois soldados turcos, tendo quatro ficaram feridos.
Na terça-feira, 27 de Julho, o presidente turco tinha afirmado que o tema principal discutido numa reunião extraordinária da NATO foi a campanha contra o grupo PKK. O encontro extraordinário foi solicitado ao abrigo do artigo 4.º da NATO e que se refere à consulta aquando da existência de uma eventual ameaça à integridade de um Estado. Isto na sequência do atentado suicida que causou pelo menos 28 mortos e uma centena de feridos na localidade turca de Suruç, junto à fronteira com a Síria.
Os ataques de Ancara ao PKK têm recebido críticas de se centrarem essencialmente no combate ao àquele partido curdo, e não ao EI. Esta é uma acusão veiculada pelo PKK e também pelo Partido Democrático dos Povos, que em Junho último impediu uma maioria absoluta do PKK, impossibilitando Erdogan de continuar o rumo de presidencialização do regime. Este partido classifica os ataques aéreos como uma tentativa de "destruir" o movimento político do Curdistão e assim criar um "sistema autoritário e hegemónico" na Turquia. O governo turco já veio negar as acusações.
Apesar de Washington considerar o PKK uma organização terrorista, a comunidade curda da Síria tem assumido um papel de destaque no combate contra o Estado Islâmico. Os Estados Unidos têm mesmo procedido ao armamento dos curdos, assumindo-se que parte dessas armas possam ter chegado às mãos de elementos do PKK.