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Lira turca recua 3,5% e bolsa de Istambul afunda mais de 5% após Erdogan perder maioria

Os resultados das eleições legislativas na Turquia provocaram fortes quedas nos activos do país, com a moeda, acções e obrigações a afundarem, devido a receios de instabilidade política.

Bloomberg
Negócios 08 de Junho de 2015 às 16:51
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O partido do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ganhou as eleições legislativas, mas pela primeira vez em 13 anos perdeu a maioria do parlamento, uma notícia que está a ser mal recebida nos mercados financeiros.

A lira turca afundou para um novo mínimo histórico esta segunda-feira: 2,8096 liras por dólar. A moeda chegou a perder 5,2% durante a sessão e agora está a recuar 3,5% para 2,7668 liras por dólar.

A bolsa turca chegou a perder mais de 8% durante a sessão e fechou a cair 5,05% para 77.805,44 pontos. A praça de Istambul foi fortemente penalizada pelos resultados das eleições com várias cotadas a perderem mais de 16% durante a negociação, como a Tumosan Motor (-18,92%), Vestel Elektronik (-17,73%), Galatasaray (-16,95%), Vestel Beyaz (-16,65%) e Netas (-16,47%).

A Turquia também está a sofrer pressão no mercado de obrigações soberanas. A taxa de juro da dívida a 10 anos avança 40 pontos base para 9,72%, o valor mais elevado de fecho desde Outubro. Mas entre as diferentes maturidades é na dívida a quatro anos que se regista o maior avanço: mais 61 pontos para 9,98%.

O Partido da Justiça e Desenvolvimento (o islamita AKP) ganhou sem surpresa o escrutínio, mas não foi além dos 40,7% dos votos, conseguindo 258 dos 550 lugares de deputados, forçando-o pela primeira vez a formar um governo de coligação, segundo a France Presse.

O partido de Erdogan precisava de 276 lugares no parlamento para governar sozinho, pelo que agora terá que procurar alianças para formar governo, o que gera receios de conflito político entre o presidente turco e o Parlamento. Caso não seja selado um acordo no prazo de 45 dias, serão marcadas novas eleições.

"Há muita incerteza neste momento", afirmou um gestor de activos na capital financeira turca à Bloomberg, dando conta que "não sabemos que partido ou partidos vão formar a coligação e mesmo se haverá algum partido que esteja disposto a entrar numa coligação" com o AKP.

Também pela primeira vez no panorama político turco, a formação pró-curda Partido Democrático do Povo (HDP) ultrapassou a barreira dos 10% imposta aos partidos para obterem assento no Parlamento. Com 13% dos votos, o HDP conseguiu eleger 79 deputados.

O HDP já tinha 29 deputados na Assembleia cessante. Mas estes tinham sido eleitos enquanto independentes para contornar o limite obrigatório dos 10%.

Os outros dois principais concorrentes do partido no poder, o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata) e o Partido de Acção Nacionalista (MHP, direita) obtiveram 25,1% e 16,4% dos votos, alcançando 132 e 81 lugares no Parlamento, respectivamente.

A participação nestas eleições, consideradas como determinantes para o futuro democrático deste país euro-asiático, foi de 86% entre os 54 milhões de turcos com direito a voto.
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