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Salários poderão subir em 2016… mas pouco
A subida do salário mínimo poderá puxar pelos restantes ordenados. Empresas prevêem fazer aumentos de 1,3% este ano e optar por dar regalias aos funcionários como carro ou seguro de saúde.
Os salários dos portugueses, que trabalham no privado, poderão subir este ano, ainda que ligeiramente. Essa é, pelo menos, a estimativa de consultoras e empresas de recrutamento questionadas pelo Negócios.
Luís Melo, partner da empresa de recrutamente de executivos Boyden, acredita num "ligeiro crescimento em geral, também devido, em boa parte, ao aumento do salário mínimo nacional", que deverá passar dos 505 euros para 530 euros por mês.
Celso Santos, responsável na empresa de selecção e recrutamento Randstad Professionals, arrisca apontar que o aumento - "modesto" – deverá rondar os 1,3%. "Contudo com a inflação média dos últimos 12 meses, o aumento salarial real deverá manter-se inalterável", analisa.
A previsão vai no mesmo sentido do estudo Workforce+Pay 2016, divulgado este mês pela consultora Korn Ferry Hay Group, que concluiu que os aumentos nos salários base previstos para 2016 em Portugal estarão nos 1,33%. Ainda assim, ligeiramente abaixo do ano passado (1,5%), o que poderá justificar-se, pela inexistência de um Orçamento do Estado para 2016, o que leva a empresas a rever em baixa os aumentos salariais.
A mesma análise mostrou ainda que 78% das empresas portuguesas inquiridas fizeram ajustes salariais em 2015 na ordem dos 1,78% e que 73% antecipam fazê-lo este ano.
"Atendendo aos sinais que vamos tendo, acredito que possa haver uma ligeira evolução positiva, que não representa ainda uma evolução sustentada e estrutural, por via da forte dependência de factores externos que a qualquer momento poderão pôr em causa essas perspectivas de evolução", alerta Pedro Rocha e Silva, partner da consultora Heidrick & Struggles.
A procura e a abundância ou escassez de recursos humanos em determinadas áreas também farão variar as remunerações.
"Poderemos vir a assistir a um incremento salarial em funções com muita oferta de emprego e poucos profissionais disponíveis, como nas Tecnologias da Informação", exemplifica Marisa Duarte, da Hays Response, empresa especializada em recrutamento de profissionais qualificados. Por outro lado, continua, "muitas empresas têm vindo a apostar em benefícios para compensar a ausência de incrementos salariais significativos nos últimos anos".
A inflação prevista para 2016 é, de acordo com o Banco de Portugal, de 1,1%.