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O acordo sobre a Grécia e o timing das eleições na Alemanha

Os analistas observam que o acordo sobre o financiamento da Grécia retira o tema do perdão de dívida para depois das eleições na Alemanha e em França.

Reuters
25 de Maio de 2016 às 09:42
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O FMI e os países europeus tinham visões quase inconciliáveis sobre a Grécia. Por um lado, a entidade liderada por Christine Lagarde pretendia um alívio "incondicional" da dívida helénica. Por outro, países europeus como a Alemanha recusavam a ideia, pela voz de Wolfgang Schauble. Apesar das posições opostas, o FMI e os parceiros europeus conseguiram chegar a um entendimento. Mas com concessões.

O Fundo teve de abrir mão da reestruturação "incondicional" da dívida grega, assunto que ficará adiado para o médio ou longo prazo. "O primeiro facto a notar sobre o acordo é que todas as medidas de médio e de longo prazo para o alívio de dívida são apenas princípios e nada foi alvo de compromisso por parte dos membros da Zona Euro", referem os analistas do Rabobank, numa nota a investidores. E acrescentam: "Isto significa que o ministro das Finanças alemão esperará que qualquer alívio real da dívida não tenha de ser discutido até às eleições federais alemãs em 2017".

Além dos 10,3 mil milhões de euros a desembolsar à Grécia, o acordo prevê algumas medidas para aliviar a dívida da Grécia, apesar de não contemplarem uma reestruturação como o pretendido pelo FMI. "Houve também um guia para um alívio da dívida grega. No curto prazo isso será conseguido através da gestão das taxas de juro e do perfil de amortizações dos empréstimos da Zona Euro. Além disso, há um compromisso para medidas adicionais assim que o programa ficar completado em 2018", explicam os analistas do RBC Capital Markets, numa nota a investidores.

E uma das constatações que o RBC faz é que "o acordo implica que a Grécia deverá ficar agora "parqueada" até às eleições da Alemanha e às presidenciais francesas no próximo ano".

Apesar de o FMI ter cedido na questão da reestruturação da dívida e de ter dado luz verde ao novo programa, ainda há análises a fazer antes da administração do Fundo formalizar a participação no programa. "Reconhece-se, em consistência com as políticas do FMI, que a aprovação deste acordo será baseada numa nova análise de sustentabilidade da dívida", refere o comunicado do Eurogrupo. Mas essa análise incluirá as medidas acordadas de gestão das taxas de juro e dos perfis das maturidades dos empréstimos europeus.

"Para sintetizar, o acordo significa que a Grécia não conseguiu um real alívio de dívida enquanto, dependente da análise de sustentabilidade da dívida do FMI, poderemos estar de volta à mesa das negociações daqui a poucos meses mas, de forma crucial, após o referendo do Reino Unido sobre a União Europeia", conclui o Rabobank.  

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